Escatologia errônea das Seitas

Ao passar dos séculos, diversas civilizações, indivíduos e seitas quiseram julgar, interpretar e catalogar a data especifica em que ocorrerá o “fim dos tempos”. Os maias, civilização indígena da América Central, por exemplo, antes mesmo de Cristianismo chegar as Américas, elaborando uma previsão do fim. Ao que consta e demonstra a História, várias seitas e hereges tentaram ao longo de anos preverem quando seria e se daria o advento de Cristo, mas falharam.

Não é um típico fenômeno de nossa época, existir estes grupos. Se estudarmos de forma exegética as Sagradas Escrituras perceberemos que já na segunda Epístola de Paulo aos Tessalonicenses (3, 10-12). Registra-se a existência de pessoas desordeiras que davam ouvidos a aqueles que diziam que o fim estava próximo e por isso deixaram seus afazeres civis, esperando o retorno de Jesus Cristo para eles “imediato”. Entretanto, São Paulo os corrige duramente dizendo que se não trabalhassem não teriam também o direito de comer.

Não só temos um exemplo, como demonstrado nas Escrituras. Há cerca de mil e novecentos anos atrás. Nos últimos 50 anos cresceram os grupos, movimento, seitas e comunidades “cristãs” que disseminam de forma literal e como eminente a volta de Jesus.

Na edição de 15 de novembro de 1984, as Testemunhas de Jeová publicaram material em sua revista intitulada “A Sentinela” dizendo que a geração de 1914 não passaria. Menciona ainda que ao menos parte dessa geração conseguiria se manter viva, para desfrutar da concretização das profecias sobre a vinda de Jesus.

Mas não foram somente as TJs que quiseram predizer o que nem Jesus sabia como disse aos apóstolos. (cf. Mt 24, 36). Os adventistas também quiseram marcar a volta de Cristo para o ano de 1843, mas não tiveram êxito. Nos dias atuais, os adventistas costumam dizer que o fim será “em breve”.

Curioso é o arranjo dessas seitas. Os adventistas, por exemplo, não parecem, ao menos em princípio, ter um estudo profundamente exegético e escatológico das Sagradas Escrituras. Seus teólogos inventaram que o Papa seria a besta do apocalipse, não conseguindo provar com sólidos argumentos esta falácia. Exemplo disto é o suposto título que assimilam como nome de cargo [no caso o Papa] “Vigário do Filho de Deus”, os adventistas concluem que a soma dessa frase em latim (Vicarivs Filli Dei) resulta em no total de 666, o número da besta. Entretanto, a soma correta resulta em 664 e não em 666.

Outro problema para esta interpretação truncada é o fato de o Novo Testamento ter sido escrito em grego, e não em latim; seria mais lógico que a soma resultasse 666 em grego ou hebraico, que são as línguas bíblicas, mas jamais em latim [pois os autores desconheciam primariamente e língua latina]. Existe outro obstáculo, o Papa jamais foi chamado canonicamente de “Vigário do Filho de Deus” se existe algum registro histórico é provável que sua utilização fora excepcional, É comum utilizar os termos “Vigário de Cristo” como verificado nos últimos séculos. A exegese católica sugere que a besta narrada no Apocalipse tenha sido um imperador romano, como César Nero, perseguidor de cristãos, assim como a outras alusões.

Os adventistas por várias vezes também foram acusados de plágios e mentirosos dentre eles, ex-membros da seita. Além de tudo isso, os adventistas demonstram um apego exagerado à lei dos judeus. Essa lei consistia em uma série de dietas alimentares, hábitos de lavar as mãos, guardar o sábado, circuncidar os fiéis e vários outros preceitos. A lei antiga foi, todavia, abolida por Jesus no Novo Testamento da Bíblia, especificamente “levada à perfeição” (cf. Lc 6, 5; Gl 4, 4-5; Rm 10, 4; Gl 4, 10-11, Gl 5, 4; Mt 15, 1-11; At 15, 1-30).

O Senhor Jesus ensinou-nos que toda a planta que o Pai não plantou será arrancada pela raiz (cf. Mt 15, 13) e certamente, esta erva daninha, assim como outras que infiltraram-se no que o Pai plantou,será extirpada. São Paulo também alerta que a lei é o ministério da morte e que o ministério de Cristo é algo muito superior a lei (cf. II Cor 3, 7-8).

Há muitos equívocos e erros oriundos das “hermenêuticas” que orientam estas seitas como as Testemunhas de Jeová, que por sua vez condenam a doação de sangue, a política e a submissão ao estado. Ora, a submissão ao estado é claramente recomendada por São Paulo (cf. Rm 13, 1-7).

Essas duas seitas teimaram, conforme já visto, em prever o fim dos tempos e tendo em comum algumas similaridades. As TJs têm, entretanto, um ponto extremamente diferente quanto a uma das pessoas da Trindade, pois negam a divindade de Cristo, o que é dito as claras São João (cf. Jo 1, 1-18) Já os Adventistas até alguns anos atrás, negavam a S.S. Trindade como entendida desde a antiguidade cristã pela Igreja Católica.

Para a exacerbada preocupação dessas duas seitas com os “tempos do Fim”, entretanto, Jesus deixa uma mensagem reveladora. Segundo a qual ninguém siga; as pessoas que pregam que o fim está próximo (cf. Lc 21, 8). Essas duas seitas, todavia, fazem mais que pregar o fim dos tempos. Pregam com terror que são as únicas igrejas de Cristo, ameaçando as pessoas a uma destruição eterna se não as seguirem, tendo em vista que nem uma e nem outra acreditam na existência do inferno.

Jesus não disse necessariamente que devemos nos preocupar exageradamente com o fim dos dias. Antes é melhor nós preocuparmos com o nosso fim, praticando o amor, que é a maior das virtudes (cf. 1 Cor 13). É triste ver como comunidades e movimentos que se intitulam cristãos possuem essa filosofia terrorista e pregação do medo, aspecto principal do fundamentalismo religioso ameaça as pessoas e defendem que apenas 144.000 pessoas serão salvas como dizem as TJs ou que é a igreja remanescente do Apocalipse, consta nos Adventistas, parece que seus adeptos pelo Mundo já superam os dados de 144.000.

Que possamos enraizados em Deus, tratar na caridade estes homens e mulheres que não alcançaram a verdade plenamente. Rezemos para amadurecimento e consumação de nossa missão. Em viver os ensinamentos contidos nos Evangelhos e não a usá-los com a finalidade de ameaças, sim com apego a verdade. O senhor não veio para condenar, mas para salvar os que estavam perdidos (cf. Lc 19, 10).

Por fim não podemos usar o Evangelho para pregar um Reino de Deus através do medo e condenação como fazem os fundamentalistas, que possamos junto aos nossos pastores na fé proclamar o evangelho unidos a única e verdadeira Igreja fundada por Cristo e entregue a Pedro (cf. Mt 16, 18). Portanto é incoerente crer nos adventistas e nas testemunhas de Jeová, bem como outros grupos, e conceder alguma confiança a estas fundações humanas e falhas. Não podemos pensar que Jesus tardou mais de 1800 anos para fundar sua Igreja, o que significa um erro crasso. Na concepção ideológica dessas comunidades, isso significa automaticamente que por mais de 1800 anos as almas se perderam, já que ninguém se salvará fora delas. Não é isso, entretanto, que Jesus pregou, fundando sobre São Pedro a sua única Igreja, que se manterá até “o fim do mundo” cf. Mt 28, 20.

Notas:

TJ; siglas que significam abreviadamente “Testemunhas de Jeová”

Referências:

EX TESTEMUNHAS DE JEOVA. 1914 A geração que não passará, profetizou a Torre. Disponível em: http://extestemunhasdejeova.net/forum/viewtopic.php?f=46&t=3700 Acesso em: 14 novembro 2010.

DE CASTRO, F. C. O Apocalipse hoje. Editora Santuário, Aparecida, São Paulo. 1989, p. 123-132.

REA, P. W. T. A mentira branca. Edições eletrônicas. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/3288026/A-Mentira-Branca-Walter-T-Rea Acesso em: 14 novembro 2010.

ARAÚJO, U. T. A Igreja de vidro. Edições eletrônicas, disponível em: https://www.veritatis.com.br/ebooks/a_igreja_vidro.pdf Acesso em: 14 novembro de 2010.

DE MELO, F. R. Religião e religiões: perguntas que muita gente faz. Editora Santuário, Aparecida, São Paulo. 1997, p. 79-83; 85-90.

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