Igualdade e Desigualdade

Por Everton Jobim

Os homens são rigorosamente iguais aos olhos de Deus, pela razão fundamental, de terem sido criados à imagem e semelhança desse mesmo Deus, conforme o relato bíblico constante do Livro do Gêneses. A vida humana é, por conseguinte, sagrada. Não matar é uma proibição de procedência divina, uma expressão da vontade de Deus, constante das Tábuas da Lei de Moisés. Possuímos a mesma dignidade e os mesmos direitos, como pessoas humanas.

Há todo um conjunto de direitos humanos que são universais e inalienáveis como decorrência da unidade do gênero humano, por exemplo, o direito à vida, à opinião, à propriedade, o direito de ir e vir, o direito de reunião e expressão, o direito a uma fé religiosa e etc. Outros direitos possuem caráter mais restrito e decorrem dos acidentes que nos diferenciam, são direitos condicionados, como o direito de acumular bens, que pressupõe condições prévias, como renda e outras.

Nessa categoria de direitos, a categoria dos direitos restritos é onde a igualdade fica condicionada a pré- requisitos para o seu exercício. Somos, também, por conta da nossa natureza espiritual comum à de Deus, criaturas eternas, porque possuidores de uma alma imortal e somos livres, porque somos efetivamente senhores de nossos atos, possuímos as faculdades do juízo e da razão por que nossa alma é racional. Não obstante, isso, cumprimos vocações diferentes; formamos o corpo místico do ressuscitado que é a própria Igreja do Cristo, como dito por São Paulo, Apóstolo.

O Cristo é a cabeça dos homens, Deus é a Cabeça do Cristo. Os homens cumprem vocações, diferentes, os famosos “chamados” interiores distintos em unidade indissolúvel com o Espírito Santo de Deus. A unidade dos cristãos que cumprem vocações especificas, se faz sempre dentro da Igreja. Não somos, não podemos ser, iguais ao cumprir essas vocações, porque elas foram estabelecidas por Deus para o enriquecimento recíproco daqueles que formam o Corpo do Cristo. Para o bem de todos, existe a desigualdade. Experimentamos uma diversidade enriquecedora, na própria unidade.

Porém, a graça que toca a um irmão deve atingir necessariamente a todos porque a Igreja é comunhão no tempo, no espaço e principalmente para além do tempo e do espaço, na própria eternidade. A possibilidade da diferença foi oferecida pelo próprio Espirito-Santo aos homens. Essa hierarquia divina existe para o bem dos homens na organização da Igreja terrena, o Cristo decidiu estabelecer distinções entre seus discípulos, apóstolos. Fazer desaparecer as distinções é um absurdo, um pecado contra a vontade divina que estabeleceu essas distinções.

Perpetrar desigualdades injustas, fruto do pecado também. A virtude fundamental é seguir o caminho da caridade, da solidariedade e da fraternidade, como também e principalmente, a virtude da humildade. Preservando nas vocações e nas nossas diferenças enriquecedoras, ajudando os desfavorecidos a saírem do jugo do mal, através do amor de Cristo, afinal o Cristo se faz presente no próximo, em nossos semelhantes. A caridade é benigna, ela é um antídoto permanente contra o pecado. O serviço de Deus é o serviço do próximo. Por isso, devemos aceitar as determinações naturais legitimamente instituídas por Deus!

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