Leitor pede nossas credenciais e pergunta sobre a RCC

[Leitor autorizou a publicação de seu nome no site] Nome do leitor: Marcio Antonio
Cidade/UF: Brasilia/DF
Religião: Católica

Mensagem
========

Que a Paz de Jesus e o Amor de Maria Santíssima estejam em nossos corações.

Há pelo menos 14 anos eu me voltei para a Igreja, pelas mãos de Maria Santíssima, que atendia o apelo de minha mãe terrena na sagrada Eucaristia etc.

Voltei primeiro conhecendo um grupo de oração da RCC, que me deram o Kerigma etc. Foi neste grupo que aprendi a necessidade dos sacramentos, o valor da missa, a ter hábito de ler a Bíblia o catecismo e outros documentos. Aprendi a rezar com o coração e não apenas com palavras etc.

Leio diariamente o que se refere à Igreja e ao movimento que faço parte.

Sei que os erros deste movimento são e foram muitos, mas não creio que na sua doutrina, pois a busca e se baseia nos documentos oficiais, não podendo ser outra que a Doutrina de nossa Igreja. Tem o clero como participante e orientador etc.

Erros que sei foram de membros leigos ou não e de até grupos inteiros.
E sendo exortados pelos sacerdotes (padres ou Bispos), alguns se corrigiram outros saíram da Igreja.

Agora pelo que li neste “site”, uma publicação afirma que a RCC tem origem no Pentecostalismo Protestante.

Artigo escrito em:

https://www.veritatis.com.br/article/4060

Em outro o acusa de ter “doutrina modernista”:

https://www.veritatis.com.br/article/4055/rcc

Eu pergunto e espero ter confirmação com fatos e não meras impressões, interpretações ou opiniões, o seguinte:

– Estaria o movimento em nível mundial mentindo ou escondendo fatos de sua origem e formação? Sim porque a RRC afirma sua origem ser por Obra do Espírito Santo em atendimento a um Papa e que o primeiro grupo oficialmente reconhecido foi nos EUA por Católicos etc.

– Estaria a RCC embutido o protestantismo como? Nunca tive notícias deste movimento ser cismático a Igreja, seus documentos, dogmas, Concílios etc. Protestantismo sempre é cismático a Sã Doutrina etc o que não é a função da RCC.

– Por na mesma “panela” a RCC e a TL, como está no “site”, tem sentido? Sabemos que a TL tem como base o marxismo, é cismática e satânica em todos os sentidos, não sendo reconhecida como obra do Espírito Santo pelo Vaticano e os Papas.

– Qual o objetivo deste site, com isso?

– Porque a RCC esconderia estas coisas que aqui se afirma?

– Quem é o orientador espiritual deste “site”? Sim, porque tem que ter um, do contrário vive o protestantismo no sentido de falta de unidade com o Clero.

– Com quem está a Verdade nisto tudo que questiono. Com a RCC ou com este “site” nos escritos de seus membros?

Reconheço que em muitos escritos que li, o “site” defende a RCC, mas neste que comento ele a condena. Temos uma contradição então, dentro destes escritos.

Esperando haver uma explicação, do contrário eu perderei a confiança neste “site” e serei bem critico, como sou a outros que temos na internet, por mais bem intencionado que o seja. O mesmo farei a RCC se esta estiver me enganando como servo e membro dela.

Espero que entendam a gravidade do assunto. Não existe meia Verdade, como não existe meia Igreja nem meio Deus.

Como ensinou o Papa João Paulo II – A Igreja mão precisa importar ensinamentos de outras ideologias ou doutrinas, tem tudo o que precisa.

em posterior email, o mesmo leitor manda o seguinte:

[Leitor autorizou a publicação de seu nome no site]

Nome do leitor: Marcio Antonio
Cidade/UF: Brasilia/DF
Religião: Católica

Mensagem
========

Pelo que leio em:

https://www.veritatis.com.br/article/4596/rcc

O prof. Alessandro Lima precisa aprender antes de querer ensinar.

Confunde oração em línguas com profecia em linguas, entre outras coisas.

É um heresia confundir tal Dom com mandra.

Despreza a palavra do Bispo orientador espiritual da RCC no Brasil

http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=NOVIDADE1&id=ni10183

No aguardo da devida retratação.

Como já perguntei o “site” não apresenta seu orientador espiritual.

Ter boas intenções não basta. Se faz urgente este “site” com seus membros, reconhecer que não são Doutores da Igreja. Não podem se levantar contra o Cléro (a palavra de um bispo neste caso), sem antes o ter consultado, como se estivessem “mais ungidos” para tal.

Prezado Sr. Márcio, Salve Maria!

O senhor em suas missivas nos acusa de tiranos usurpadores do Magistério. Pois bem, vamos aos pingos nos ‘i’s:

1. O Apostolado Veritatis Splendor é formado por fiéis leigos sob o auspício dos cânones 209-212 e 225 do Codex Iuris Canonici de 1983, em vigor. Isto inclusive está explicado na seção Quem Somos do site (logo abaixo do banner), link: https://www.veritatis.com.br/area/9
Conforme explicitado por estes cânones e explicado no artigo, o apostolado leigo não necessariamente obriga-se a ter alguém do clero responsável pelo mesmo. É dever individual, a nível pessoal e de todo o cristão católico defender a fé, podendo se associar para isso, não necessariamente criando um organismo oficial que tenha de ter acompanhamento espiritual por parte de algum clérigo responsável. Não somos e nem pretendemos ser um ‘movimento’ ou ‘nova comunidade’ dentro da Igreja.
Mesmo assim, nosso Apostolado sempre contou com o apoio expresso do finado e saudoso apologeta Dom Estêvão Tavares Bettencourt OSB, bem como recebeu na semana última a bênção de Sua Eminência Reverendíssima Dom Eugênio Cardeal Sales (confira o áudio de nosso retiro em conjunto com a comunidade Católicos do Orkut, neste podcast: http://www.4shared.com/account/file/55028480/3b86faed/D_Eugnio.html?sId=VCSaAw09RcIYTYhk ), e sempre teve como diretor espiritual (mesmo que nunca fosse necessário pelo Direito) o Monsenhor Antônio Carlos Rossi Keller, atual bispo eleito de Frederico Westphalen/RS. Possuímos ainda convênio com vários sites de apologética individuais de fora do Brasil, com direitos de tradução, sites estes criados e mantidos por sacerdotes em dia com suas obrigações diocesanas e em comunhão com seus respectivos bispos.

2. As dúvidas que nos chegam por parte dos leitores, via Espaço do Leitor, são inúmeras todos os dias, e algumas são tão complexas que requerem pesquisa detalhada e demorada para que o leitor não tenha uma resposta errada. E por resposta certa, nos pautamos APENAS pelo tríduo Sagrado Magistério, Sagrada Tradição e Sagrada Escritura, sem adicionar opiniões próprias ou correntes ideológicas que não sejam aprovadas por Roma, em fidelidade filial direta e única ao Romano Pontífice, o Santo Padre, o Papa. Às vezes, é necessário explicar doutrinas heterodoxas ou cuja interpretação é possível por mais de uma via, conforme nos permite a própria Igreja (um exemplo clássico é a questão da predestinação, que é tratada diferentemente entre os Jesuítas e os Dominicanos, e nenhuma das duas posições é condenada nem também aprovada oficialmente). Ás vezes demora ainda mais, quando o que temos de pesquisar não está disponível nos recursos que temos, dependendo da caridade de terceiros em nos responder o que encaminhamos. Por isso que a espera por uma resposta chega demorar até mesmo meses, de modo que possamos garantir que a resposta não seja enviesada e sim reflita apenas a posição oficial da Igreja conforme emanada de Roma.
Cabe lembrar que para se ensinar Teologia é necessário mandato Pontifício ou do ordinário local, mas aqui não ensinamos Teologia. No máximo, copiamos e colamos com todos os créditos as obras de teólogos ortodoxos que possuem tal mandato e, mesmo assim, evitamos as opiniões, deixando-as claramente sublinhadas quando necessário.

3. Conforme a palestra de D. Eugênio cujo link está no item 1, nós só devemos fidelidade e obediência ao Pontífice Romano. Em segundo, ao nosso bispo diocesano, DESDE QUE o que ele pediu em obediência não contrarie o que por Roma já tenha sido estabelecido (o que, infelizmente no Brasil, parece ser a norma). Não existe tal coisa como obediência cega e irrestrita a nenhum outro bispo que não seja o bispo de Roma (essa coisa de “bispo de Roma não ter de se meter em nossos assuntos locais” isso é doutrina dos cismáticos ortodoxos e da própria Teologia da Libertação, que não querem nenhuma ingerência externa).
Não preciso lembrar que as Conferências Episcopais não têm poder NENHUM de jurisdição sobre nenhum fiel, a menos que TODOS e CADA UM de seus bispos integrantes tenham ratificado com 100% de CONSENSO tal proposta. Elas são organismos CONSULTIVOS e RECOMENDATIVOS. Se o senhor discorda, reclame com o Papa, que foi ele quem promulgou tal regra no Codex de 1983.

4. Em relação ao seu questionamento específico sobre o “dom de línguas”, sua pergunta não foi respondida ainda (junto com dezenas de outras sobre o mesmo tema) pois ela é objeto de um e-book que estamos preparando desde o ano passado (e que ainda não foi terminado, pois trata-se de pesquisa exaustiva) exatamente sobre este tema. O que o senhor justamente não pode nos acusar é de não estudar aquilo que respondemos, antes de responder. Ninguém aqui dá palpites sem embasamento UNICAMENTE NA DOUTRINA PERENE DO MAGISTÉRIO DA IGREJA. Nem palpites baseados na opinião pessoal do cardeal X, bispo Y, ou padre Z a menos que a Santa Sé tenha ratificado essa posição (e isso o fazemos, pois até o ortodoxo dos ortodoxos , o Doutor Angélico, Santo Tomás de Aquino era contrário à Imaculada Conceição!).

5. Nenhum dos nossos membros jamais demonstrou tamanho pedantismo em querer se entitular Doutor da Igreja ou Mestre Sabe-Tudo, até porque nenhum deles na medida do humanamente possível expressa opiniões pessoais, mas apenas ecoa o que o Magistério já expressou (exceto obviamente nas seções de Opiniões e Editorial, devidamente demarcadas e assinaladas como tal). Contamos também, para as matérias mais delicadas, com o Dom do Discernimento (um dos VERDADEIROS dons do Espírito Santo, infundidos no batismo e na confirmação) dos nossos leitores, para separar o joio do trigo aonde ele se apresente (em artigos de terceiros reproduzidos em nosso site, por exemplo, onde se apresentam coisas boas mas também um ou outro item não ortodoxo).

6. Um de nossos objetivos originados dos objetivos primários de apologética e ortodoxia, é apontar – objetivamente e não subjetivamente – os erros (como correção fraterna, de modo que estes os corrijam e passem a agir de acordo com o que a Igreja ensina OFICIALMENTE, sem abusos, deslizes, más interpretações, interpretações pessoais, auto-interpretações) e elogiar os acertos de quaisquer um que se apresente, não importando se é a RCC, a TL, os Focolari, a Comunhão e Libertação, o Neocatecumenato, o Regnum Christi, a Congregação Mariana, a SSPX, a FSSP, o IBP, os Vicentinos, o padre fulano, o bispo sicrano, a paróquia X, a pastoral Y, o movimento da Dona Quinzinha, ou o grupo-de-católicos-do-botequim-da-esquina. Nesta ótica, todos entram na mesmíssima panela, para todos serem cozinhados e suas impurezas removidas e pasteurizadas.

7. Sobre o item anterior: além do Direito Canônico nos garantir este direito de apontar erros e expressar preocupações, a própria CNBB – mesmo que não queiramos sua ingerência – também o garante (veja os parágrafos 209 a 227 do documento da 35a Assembléia Geral da CNBB) e um documento do Concílio Vaticano II igualmente nos dá este direito (Lumen Gentium 83; e LG 97).

8. Fato concreto: A origem protestante da RCC é mais clara do que a neve. Por algum motivo obscuro, ela foi retirada (pois existia, eu mesmo li nestes termos) dos sites oficiais da RCC Brasil e ICCRS (federação internacional da RCC), e da Canção Nova mas a Comunidade Shalom é bem mais honesta intelectualmente e manteve a versão original do histórico detalhado em seu site (insuspeito pois não são contrários à própria RCC): http://www.comunidadeshalom.org.br/formacao/renovacao/a_origem_rcc.html (cabe observar que os livros indicados no histórico são ambos protestantes, e que todos os iniciadores do grupo católico eram também protestantes).

Os relatos indicando a origem protestante também estavam nos livros oficiais de formação da RCC, ao menos na época em que eu era carismático. Isso independe de terem dado ou não um sentido ascético à oração de João XXIII e terem “se encaixado” nisso aí como que uma luva. Não me cabe julgar o motivo pelo qual a RCC (ou seus membros ou comunidades) preferem hoje em dia ignorar seu passado, só trabalho com fatos…

9. A RCC (ou seus membros, ou parte dela, como queira) possui MUITAS práticas e comportamentos que são em sua natureza protestantes e não católicas, e que continuam a ser praticadas independentemente da Igreja proibir ou recomendar que não seja feito, e do magistério já ter se pronunciado. Por exemplo:

a) A “roleta-russa” bíblica e suas adivinhomancias em se abrir aleatoriamente qualquer parte da Sagrada Escritura e “tirar uma palavra” para se obter respostas ou justificar comportamentos; b) O livre-exame e auto-interpretação da Sagrada Escritura; c) Clerolatria – “o seminarista/padre/bispo falou, tá falado, é infalível”, “o padre não pode ser tocado, é ungido e deve ser posto numa redoma de vidro”; d) Hierarquia paralela onde os carismáticos obedecem mais aos seus “coordenadores” que às autoridades constituídas da Igreja (párocos, bispos, Papa) em outra espécie de infalibilidade;

Note que os itens C e D são auto-contraditórios, mas ambos acontecem, algo como falar uma coisa e fazer outra.

e) Utilizar o Espírito Santo (e sua inspiração ou pseudo-inspiração) como justificativa para atos que são claramente oriundos de interpretação ou opinião ou desejo pessoal; f) Não vou citar o dom de línguas porque ele virá no e-book ainda este ano; g) Sectarismo, ao achar que quem está fora da RCC não está iluminado e está errado e deve ser ignorado até que “aceite Jesus e seja iluminado e batizado no Espírito Santo”, e que a verdade está só na RCC. Já vivi muuuuuito isso. h) O Revelacionismo – que traz muito do Ocultismo – que pretende com que as pessoas sejam “médiums” do Espírito Santo (que fala através de todos e cada um dos carismáticos mas não fala através do magistério pontifício, segundo alguns da RCC interpretam). Este erro foi condenado pelo maior mestre ascético do Catolicismo, São João da Cruz, formalmente: “A alma que deseja revelações, coloca-se numa disposição muito contrária à fé e atrai muitas tentações e perigos.” (A subida do Carmelo, livro II, cap. 10). i) A velha heresia em afirmar que a RCC “não é um movimento da Igreja, mas a Igreja em movimento”.Tem vários outros exemplos (e incluem-se aí vídeos com práticas litúrgicas e pregações completamente sacrílegas, videos este mais do que conhecidos pela Internet), mas não creio que listar resumidamente todos os exemplos neste único artigo seja proveitoso.

10. Sua Santidade o Papa São Pio X aprovou e elogiou o movimento francês do Sillon. E, em menos de 10 anos depois, em 1910, ele condenou e excomungou este mesmo movimento, através da bula Notre Charge Apostolique, reconhecendo o seu erro e  acusando o movimento de tê-lo traído. Logo, uma aprovação pontifícia a uma associação ou movimento não é infalível e nem garante a ele ortodoxia.

Espero que tenha respondido à todas as suas dúvidas (exceto a do Dom de Línguas, que virá no tempo específico).

Em Cristo por Maria,

Rafael Cresci
Veritatis Splendor

AMDG

Facebook Comments

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.