Gostaria de saber qual a posição da Igreja Católica Sobre exercícios orientais como ioga, reiki, yin-yang, controle mental, jo reiy. E por que tem tantos padres que praticam e orientam os fiiéis a praticarem?
Caríssimo sr. José, estimado em Cristo,
O zelo pela coisas de Deus é realmente louvável. Temos, entretanto, de separar as coisas. As doutrinas incompatíveis com a fé católica, tal qual nos foi revelada por Cristo e guardada por Sua Igreja, devem ser rejeitadas, claro (o que não quer dizer que não se possa dialgar com seus praticantes, principalmente com vistas à sua conversão, e a partir mesmo dos pontos de verdade que tais seitas conservam – autênticos elementos católicos que se encontram também fora das fronteiras visíveis da Igreja).
Sem embargo, nem todos essas práticas enumeradas pelo senhor são, necessariamente, perniciosas. O reiki, o controle mental e o Johrei são doutrinas errôneas, sim, e, em si, condenadas pela Igreja, porque envolvem conceitos substancialmente estranhos ao cristianismo.
O Johrei, cerimônia da seita denominada Igreja Messiânica, foi correta e amplamente refutado por D. Estêvão Bettencourt, OSB, em sua “Pergunte e Responderemos”, cuja reprodução encontra-se a partir do seguinte link: https://www.veritatis.com.br/pr/1992/pr36715.htm
Assim com o controle mental e o reiki.
Tal não ocorre, entretanto, com a yoga. É ela uma técnica de respiração, combinada com movimentos físicos e que pode fazer muito bem ao corpo. Geralmente, por suas raízes, está associada a uma filosofia de forte sabor panteísta. Mas essa filosofia não lhe é intrínseca, como o é em relação ao reiki e ao controle mental (o Johrei é ainda pior, pois é uma prática recente e própria de uma seita). Podemos, e devemos, rechaçar as religiões orientais (salvo aquilo que nelas há de verdadeiro, e que, por isso mesmo, pertence à Igreja Católica e nela se encontra em plenitude, ademais), porém não sua cultura, como se, por não ser européia, fosse demoníaca. As artes marciais são um exemplo da riqueza das tradições culturais do Oriente, e que não são condenadas pela Igreja.
Mesmo no Ocidente, a Igreja se aproveitou da cultura pagã, assimilando o que nela havia de belo: as primeiras basílicas eram templos romanos, por exemplo.
A ioga, ou yoga, antes de ser uma prática de meditação indiana (não o negamos que seja), e que, portanto, envolve premissas filosóficas e religiosas distintas das pregadas pelo cristianismo, é um conjunto de exercícios físicos e de técnicas de respiração. Se, então, for usada só para isso, não há mal algum. Notadamente na modalidade de hatha-yoga – mera seqüência de exercícios físicos e respiratórios e para fortalecimento muscular, sem invocação de deuses do hinduísmo nem recitação de mantas – não há que se falar em pecado ou em proibição eclesiástica.
É preciso, contudo, tomar muito cuidado, pois, mesmo não sendo intrinsecamente má, a yoga pode ser (e, de fato, tem sido) instrumento para a vulgarização de idéias absolutamente contrárias à fé cristã. Nesse terreno, todo cuidado é pouco. Se a modalidade em questão não tem conotações religiosas, ótimo. Como garantir, porém, que se está diante de uma yoga inofensiva. Não se condena a yoga em si, mas a prudência e o discernimento devem ser nossos conselheiros. Havendo desconfiança, melhor não arriscar.
Todavia, alguém que saiba, por dados concretos, que tal ou qual maneira de praticar a yoga está, realmente, isenta de concepções pagãs, pode julgar conveniente aderir a ela, como mera seqüência de exercícios. Nesse caso, ele não está pecando. Basta separar a filosofia da prática, como a medicina já fez com a acupuntura (em vez de chacras, atribuem o processo às terminações nervosas).
Como nem todos sabem separar, todo o cuidado é pouco.
Há, outrossim, o perigo em usar a yoga como método de meditação cristã, eliminando ou relativizando os modos tradicionais da oração. Para o hindu, a meditação consiste num aniquilamento pessoal, enquanto para o cristão medita-se para extrair conclusões.
Mais sobre o assunto em outro excelente artigo (novamente) de D. Estêvão, OSB: https://www.veritatis.com.br/article/1979
Em Cristo,