S. Paula Ângela Maria Frassinetti

Uma História dedicada à Educação Cristã

1809 / 1882

 

Gênova, Itália, 3 de março de 1809. Neste dia nasce Paula Ângela Maria, terceira filha do casal João Batista Frassinetti e Angela Viale. Mais quatro irmãos compõem a família do casal – José, Francisco, João e Rafael. Paula foi batizada na mesma data de seu nascimento, na Igreja de Santo Estevão e sua mãe consagrou-a também à Virgem Maria, no Santuário Della Madonetta.

Aos nove anos de idade, com a morte da mãe, Paula assume parcialmente as funções de dona de casa, juntamente com uma tia.

Educada por seu pai e irmãos, dona de uma inteligência aguçada, enfrentou estudos domiciliares, demonstrando especiais pendores para a Filosofia e a Teologia, diferentemente do que acontecia com as outras meninas de sua época.

Cresceu em um ambiente familiar predominantemente masculino, onde seu pai procurou incutir nos filhos um forte sentido cristão de vida e, provavelmente por isso, os quatro irmãos de Paula seguiram a carreira eclesiástica. O mais velho deles, tornou-se clérigo de renome e fundou a Congregação dos Filhos de Maria Imaculada.

Desde pequena Paula demonstrava uma enorme força de vontade para executar suas tarefas, vencendo sempre a timidez e os obstáculos que surgiam, revelando também um temperamento piedoso e um devotamento exemplar.

Alguns fatos ocorridos ao longo de sua vida distinguem-na do comportamento típico de outras pessoas. Sua coragem em enfrentar as dificuldades pode ser apontada em alguns episódios, um deles, por ocasião de um terremoto em Gênova, quando ainda jovem mostrou-se calma e tranquila, sem se deixar dominar pelo temor e ansiedade de que os outros foram tomados.

Em 1827, José, seu irmão mais velho é ordenado pároco da aldeia de Quinto, situada nas proximidades de Gênova, convida-a para ir residir em sua companhia, pois o ar da praia lhe faria bem à saúde, então abalada.

Junto ao irmão , Paula apressa-se em fundar uma escola paroquial para crianças pobres, onde, além de alfabetizá-las, ensinava costura e bordado desenvolvendo também ali, uma ação fecunda de apostolado, conseguindo, com seu exemplo, reunir um grupo de seguidoras para auxiliá-la em seu trabalho, das quais a mais fiel delas, que acompanhou-a pelo resto da vida, chamava-se Mariana Danero.

Com este pequeno grupo Paula fundou uma comunidade religiosa que, a princípio, adotou a denominação de Filhas da Santa Fé, em 12 de agosto de 1834, dia de Santa Clara.

Chegando em visita a Gênova o Conde de Passi, sacerdote que vinha criando na Itália comunidades apostólicas denominadas de Santa Dorotéia, encontrou na congregação recém-fundada em Quinto as religiosas ideais para executar os trabalhos de sua instituição. Paula Frassinetti reconhece convite do Conde de Passi como um desígnio divino e, a partir de então, o antigo Instituto das Filhas da Santa Fé passa a usar a denominação de Irmãs de Santa Dorotéia.

Não obstante os trabalhos que realizava, a comunidade de Paula Frassinetti vivia em estado de extrema pobreza e austeridade e por exigência do Sr. João Batista Frassinetti, que não concordava com a dureza da vida que sua filha levava, foram temporariamente suspensas as atividades das Irmãs de Santa Dorotéa, para serem, logo depois, retomadas.

Sucessivamente foram abertos novos colégios pelas religiosas. Primeiro em Gênova, depois em Roma, sendo que o de Santo Onofre, instituído em 1844, em Roma, foi mais tarde escolhido para Casa Geral do Instituto.

Inspirada nas Regras de Santo Inácio, fundador da Companhia de Jesus, Paula Frassinetti elaborou, ela mesma, os Estatutos das Irmãs de Santa Dorotéa, à semelhança das religiosas francesas do Sagrado Coração.

Estabelecida em Roma, com seu Instituto de Santa Dorotéia, Madre Paula Frassinetti foi recebida pela primeira vez pelo Papa Gregório XVI, por quem foi abençoada, recebendo novo estímulo para sua obra.

Com esta audiência papal inicia-se uma convivência estreita da Madre Paula Frassinetti com os Santos Padres. A partir de Gregório XVI, passando por Pio IX até Leão XIII ela foi, sempre, agraciada com uma paternal benevolência da parte dos Pontífices. Por várias vezes estes visitaram as casas de seu Instituto, além de enviarem delicados presentes ou até mesmo guloseimas do Vaticano, para as religiosas e suas alunas.

Em 1848 tem início um período de extrema convulsão social na Itália, com revolução, guerra civil, invasão pelo exército francês e proclamação da República Italiana, prolongando-se essa instabilidade política, especialmente para os católicos, com a Lei da Supressão das Ordens e Congregações Religiosas e com a perseguição maçônica ao pessoal da Igreja.

Neste período Paula Frassinetti enfrenta com firmeza grandes desafios, desde intensos bombardeios, a dispersão de algumas de suas casas, até infâmias e calúnias contra seu Instituto.

Ao longo de sua vida, em várias circunstâncias, revelou-se a têmpera vigorosa, a firmeza de caráter de Paula Frassinetti, bem como sua confiança e prestígio junto de Deus: em 1835, quando a cólera grassava, de forma devastadora e mortal na Itália, Paula e suas compahneiras põem-se a serviço dos doentes e nenhuma das Religiosas ou alunas foi atingida pelo mal. Em 1839, na casa das Irmãs, em Rivarolo, uma tempestade desafia a solicitude de Madre Paula e ela parte em socorro das companheiras em meio ao terrivel temporal. O condutor da carruagem ao ver um dique romper-se às suas costas, após sua passagem, teve a certeza de que conduzia uma santa. Em viagens marítimas de grande risco, as Dorotéias, seu irmão João, sentiram-se alvo de especialíssima proteção dos céus. em 1848, em meio ao intenso tiroteio, no Gianícolo, nas proximidades do Vaticano, seu colégio não foi minimamente atingido. Fatos como esses contribuiram para aumentar a confiança dos que se comprometiam com os ideais apostólicos de Paula.

Muito cedo a força de sua ação evangelizadora é reconhecida, difundindo-se e espalhando-se com a fundação de novas casas na Itália. Logo, porém, esse vigor de seu trabalho, ultrapassa seus limites originais e, em 1866, chega ao Brasil e logo depois a Portugal. Daí por diante a expansão do Instituto das Irmãs de Santa Dorotéia expande-se, incessantemente, ao redor do mundo, atingindo todos os continentes.

No dia 11 de junho de 1882, aos 73 anos, Paula Frassinetti morre em Roma, sendo enterrada no cemitério de São Lourenço.

Em 1903 realiza-se a exumação do cadáver da Madre Paula Frassinetti para o procedimento usual com os ossos e transferência dos restos mortais para Santo Onofre, mas seu corpo é encontrado em perfeito estado. Três anos depois é reaberta sua urna funerária, e o seu corpo está novamente incorruptível. O Vaticano exige provas materiais desse fato e submete o cadáver a testes e ensaios químicos, inclusive submergindo-o em ácido, sem obter, com isso, qualquer modificação em seu aspecto. Em 1906 o corpo intato da Madre fundadora das Irmãs de Santa Dorotéia é transferido para a Capela da Casa Geral de Santo Onofre em Roma, onde está exposto desde então em urna de cristal, doada pelas alunas brasileiras, para visitação pública.

É muito farta a documentação que se reuniu para comprovar os vários milagres obtidos pela intercessão da Madre Paula Frassinetti. Segue-se, a partir de 1891, um processo junto ao Vaticano, para reconhecimento de sua santidade. Em 8 de junho de 1930, Paula Frassinetti é beatificada pelo Papa Pio XI e, finalmente, no dia 11 de março de 1984, é canonizada pelo Papa João Paulo II, recebendo direito às glórias dos altares que a Providência Divina lhe havia reservado.

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