São Paulo buscou a aprovação de São Pedro para o seu ministério?

A resposta é: sim!

  • “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue, nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram Apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco. Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Cefas, e fiquei com ele quinze dias. E não vi a nenhum outro dos Apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. Depois fui para as partes da Síria e da Cilícia. E não era conhecido de vista das igrejas da Judeia, que estavam em Cristo, mas somente tinham ouvido dizer: ‘Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía'” (Gálatas 1,15-23).

Ele buscou aprovação e uma “comissão”, por assim dizer. Isso demonstra a autoridade de São Pedro e é bastante consistente com a ideia de que ele era o Papa, por causa da linguagem. São Paulo foi especificamente a Jerusalém para ver e “conferir” com Pedro: porque Pedro era o líder da Igreja apostólica; e passou 15 dias com ele. “Cefas” é uma variação grega de “Cefa”, termo aramaico para “Pedra”, que foi o novo nome que Jesus atribuiu a Pedro quando afirmou que ele viria a ser o líder da nova Igreja: edificada sobre Pedro (cf. Mateus 16).

Os protestantes geralmente exigem que tudo seja absolutamente explícito nas Escrituras, mas isso não é uma exigência declarada na Bíblia. Aliás, nem eles mesmos seguem isto. O cânon da Bíblia não se encontra na Bíblia; e a “Sola Scriptura” também não.

Mas mesmo que concedêssemos à “Sola Scriptura”, por mera questão de argumento (e volto a negar veementemente que a Bíblia ensine tal coisa), será apenas por meio de argumentos e deduções indiretas – que dificilmente divergirá das provas católicas para o Papado ou para muitas outras doutrinas (incluindo Cristologia e Trinitarianismo) – que constataremos que estão presentes na essência e no núcleo, embora não tenham sido muito desenvolvidos na época do Novo Testamento.

Há mais do que suficiente indicação bíblica da primazia de Pedro, que é a essência de um papado.

No item 46 do meu artigo bastante conhecido, intitulado “50 provas do Novo Testamento atestando o Papado e o primado de Pedro“, afirmo:

  • “Paulo foi para Jerusalém especificamente para ver Pedro durante 15 dias, no início do seu ministério (Gálatas 1,18); e foi encarregado por Pedro, Tiago e João (cf. Gálatas 2,9) a pregar para os gentios”.

Um certo Claudio respondeu no meu blog:

  • “Item n° 46: você escreveu ‘Pedro, Tiago e João’, mas em Gálatas 2,9 está escrito: ‘Tiago, Pedro e João’. Perdoe-me”.

Porém, eu não estava citando diretamente. Eu respondo observando que em dez lugares no Novo Testamento, Pedro é listado sempre em primeiro lugar onde os três são mencionados:

  • Mateus 10,2: “Ora, os nomes dos Doze Apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão”.
  • Mateus 17,1: “Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte”.
  • Marcos 5,37: “E não permitiu que alguém o seguisse, a não ser Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago”.
  • Marcos 9,2: “E seis dias depois Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte; e transfigurou-se diante deles”.
  • Marcos 13,3: “E, assentando-se ele no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, e Tiago, e João e André lhe perguntaram em particular”.
  • Marcos 14,33: “E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se”.
  • Lucas 6,14: “Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu”.
  • Lucas 8,51: “E, entrando em casa, a ninguém deixou entrar, senão a Pedro, e a Tiago, e a João, e ao pai e a mãe da menina”
  • Lucas 9,28: “E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar”.
  • Atos 1,13: “E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmào de Tiago”.

Assim, Gálatas 2,9 é uma exceção: “Tiago, Cefas e João”. Eu acredito que seja porque Tiago era o bispo de Jerusalém. Ainda assim, nos versículos anteriores (2,7-8) e posteriores (2,11-14), só se faz referência a Pedro. E, novamente, Paulo se refere somente a ele na circunstância descrita em Gálatas 1,18:

  • “Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Cefas, e fiquei com ele quinze dias”.

Ele acrescenta, quase que como numa espécie de “nota de rodapé”, no versículo seguinte:

  • “E não vi a nenhum outro dos Apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor”.

Eu já havia apontado Gálatas 1,18 no Item 46 da minha Lista de 50 Provas. E reparo agora que eu já tinha também lidado com esse argumento em três dos meus 50 itens:

  • “4) O nome de Pedro aparece em primeiro lugar em todas as listas que enumeram os apóstolos (Mateus 10,2; Marcos 3,16; Lucas 6,14; Atos 1,13). Mateus até o chama de ‘o primeiro’ (Mateus 10,2). Já Judas Iscariotes é invariavelmente mencionado por último”.
  • “5) Pedro é quase sempre mencionado em primeiro lugar, mesmo quando aparece ao lado de outros. A (única) exceção está em Gálatas 2,9, onde ele (‘Cefas’) é listado após Tiago e João, mas, mesmo assim, o contexto coloca-o em preeminência (p.ex.: Gálatas 1,18-19; 2,7-8)”.
  • “36) [Nos Evangelhos,] o nome de Pedro é sempre listado em primeiro no ‘círculo íntimo’ dos discípulos (Pedro, Tiago e João – Mateus 17,1; 26,37.40; Marcos 5,37; 14,37)”.

Mateus 26,37.40 diz: “E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito (…) E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: ‘Então nem uma hora pudeste velar comigo?'” (v.tb. Marcos 14,33.37; João 21,3).

Com efeito, a ordem das palavras em Gálatas 2,9 sugere uma desvalorização da primazia de Pedro? NÃO!

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