O natal e o relativismo

Natal de 2032; a decoração natalina invade as ruas, os shoppings e as casas; renas, ursos, papai noel, duendes, gnomos, neve, pinheiros, bolas e vermelho, muito vermelho. As famílias se reúnem no dia 24, fazem a ceia, comem, bebem, se divertem, trocam presentes. As crianças ficam felizes porque ganham os brinquedos que tanto queriam, os pais já gozam da tranqüilidade do final do ano.

D. Maricota, por um acidente de percurso, encontra no fundo do armário a imagem de um menino na manjedoura, ela então pensa: “Esse deve ser o tal Jesus!”. Pronto, esse é o Natal do futuro!

Essa construção hipotética não é tão impossível quanto se pensa. Hoje vivemos numa sociedade onde reina o relativismo religioso, moral, ético, cultural. A perda de tradição destrói de forma avassaladora os legados do Ocidente, e aqui me refiro as tradições familiares, religiosas e culturais. Reina de forma pujante o simplismo, o empobrecimento, o orientalismo artificial. O ethos civilizacional cristão, base fundamental de toda uma sociedade, é substituído por um espírito Nova Era, a construção de uma Nova Ordem Mundial. Ao mesmo tempo em que as heranças cristãs são destruídas, se fortalece a supervalorização caricata de “tradições” Orientais, coloco propositalmente entre aspas porque essas ditas tradições são falsas criações oriundas, justamente, do relativismo religioso ocidental; sufismo e budismo, nas formas popularmente conhecidas, feng-shui, até o espiritismo – o hinduísmo tradicional rechaça a idéia reencarnacionista do kardecismo.

Essa decadência tradicional do Ocidente abre espaço para a ascensão de um caldeirão de tendências religiosas onde reina o espírito modernista – não confundir com a sadia modernidade -, o esvaecimento e a perda de identidade, uma falta de fidelidade com a Verdade. O relativismo apenas permite a consolidação psicológica, social, desse oba-oba generalizado. As pessoas não mais se assustam, não mais se sentem estimuladas a buscar a Verdade. Essa falta de honestidade, interna (consigo mesmo) e externa (com o mundo no qual se insere), legitima atitudes, no mínimo, engraçadas. Quem não riria ao ver a Rainha da Inglaterra, soberana de um país construído sobre um sólido fundamento cristão e, para melhorar, chefe da Igreja Anglicana, omitir o nome de Cristo no seu discurso de Natal em “respeito” aos muçulmanos? Que falso respeito é esse que tolhe o próprio respeito ao povo inglês, a Inglaterra, ao Ocidente? Esse relativismo que assola essa banda do mundo já chegou nos países muçulmanos, por lá causa os mesmos estragos, é só ver a triste realidade na Turquia, Marrocos e Jordânia.

Não se trata de um choque de Civilizações, mas de um vírus que invade os mundos, destrói as mentes, os costumes, a religião, a cultura, criando um espírito multicultural, híbrido, relativista, onde as diferenças entre os homens se reduzem a um simplismo assustador.

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