A frustrada aula do “professor” Luciano Takaki

Por Alessandro Lima

1. Introdução

Através de terceiros tive conhecimento do artigo “Refutando o Sedevacantismo” [1] do Sr. Luciano Takaki, que como o próprio autor diz “a minha intenção é ajudar o sr. Alessandro Lima e os outros a refutar a nossa posição. Sim, exatamente isso. Para isso, esclarecerei os principais pontos aos nossos adversários.” O referido artigo pretende ser uma réplica ao meu “Sedevacantismo, uma ideia absurda” [2].

Em todo debate com sedevacantistas, eles sempre procurarão levar o seu adversário para o domínio das suas ideias, que explicam apenas as razões porque adotam aquela posição, mas que não provam que elas sejam verdadeiras. 

Aliás entre os sedevacantistas existem os absolutos (também chamados de totalitaristas ou belarminianos) e os mitigados (também chamados de materialistas-formalistas, sedeprivacionistas ou gerardianos). Embora tenham explicações ESSENCIALMENTE diferentes sobre o que aconteceu na Igreja com o papado após o Concílio Vaticano II, não podem ambos estarem certos, por óbvio. O bispo Donald. Sanborn, uma das autoridades no meio sedeprivacionista, em seu tratado Explanation Of The Thesis Of Bishop Guérard Des Lauriers [3], contesta em muitos pontos seus colegas totalitaristas. Embora não concordemos com a posição do bispo, ele demonstra bem como é tosca a posição sedevacantista absoluta.

O Sr. Takaki ao final de seu artigo diz

“Espero assim que tenha dado as devidas lições ao sr. Alessandro Lima para ajudá-lo a refutar o sedevacantismo. Garanto que não é difícil fazê-lo.

É impossível.” (grifos meus).

Já que o Sr. Takaki esperou me dar “as devidas lições” acredito que ele não se oponha ao me referir a si como “professor” (no minúsculo, pois para ser meu Professor o Sr. Takaki que chegou um dia desses na Igreja ainda tem que comer muito “feijão com arroz”).

O artigo do “professor” Takaki é apenas mais uma cortina de fumaça que, em vez de enfrentar os tópicos abordados no meu artigo, procura distrair os leitores tentando apontar contradições na minha posição. Pretende me dar um desafio de refutar a tese sedevacantista pelos seus critérios quando eu já refutei tal tese por outros critérios bem mais críveis e que voltaremos a eles aqui.

É mais um show de ilusionismo sedevacantista, que talvez vise apenas acalmar os espíritos agitados pelo artigo que escrevi,  como se verá ao longo desta tréplica.

Nos ocuparemos apenas de tratar os tópicos que se referem ao meu artigo objeto de contestação e não em refutar o artigo inteiro do “professor” Takaki, pois visamos apenas dar resposta nos pontos em que fomos atacados no artigo anterior e não manter um debate sobre o sedevacantismo com nosso opositor.

2. Por que o incômodo com o nosso artigo?

No início do artigo “Sedevacantismo, uma ideia absurda” [2] deixo claro que não tenho como objetivo refutar a posição sedeprivacionista, que é a posição adotada agora pelo “professor” Takaki (que aliás dá bem menos trabalho de refutar por ser menos tosca).

Os sedevacantistas mitigados (doravante sedeprivacionistas) pensam de outro modo; sua doutrina não é objeto de nosso artigo, mas serão mencionados à medida que possam esclarecer o tema que estamos abordando.

Então por que o incômodo com o referido artigo?

Sr. Takaki inicia artigo da seguinte forma 

“Parece estranho o título, mas é esse mesmo. Recentemente, o sr. Alessandro Lima, da editora Veritatis Splendor, publicou uma série de artigos contra a posição sedevacantista.” (grifos meus).

Outra coisa que achei curiosa, foi que eu não escrevi como editor e nem num site da Edições Veritatis Splendor. O artigo sobre o qual o “professor” Takaki escreveu foi publicado no Site Veritatis Splendor. Que apesar de mim, tem uma excelente reputação no meio católico devido aos excelentes artigos escritos por cerca de 22 anos!

Outra curiosidade é que nem sequer o link para o meu artigo foi disponibilizado para que seus leitores pudessem “ver o outro lado da moeda”. Será que o “professor” Takaki tem medo de ver que seu artigo não refutou nada?  

3. Uma pequena prova de presunção

O que mais chama a atenção é a total falta de senso de prioridade do Alessandro Lima. Enquanto Bergoglio quer transformar a Igreja numa ONG LGBTQI+etc e a Religião católica numa religião noachida, o sr. Lima prefere bater no sedevacantismo. Não sei se isso é ignorância dele sobre a crise ou se a razão dele está obliterada, mas o fato é que ele considera o sedevacantismo mais grave que o próprio modernismo.

Acusar um homem que é marido, pai, que trabalha 9 horas por dias em seu trabalho secular, que cuida de um apostolado importante, uma editora, uma loja virtual, escreve artigos e livros, de que ele não tem senso de prioridade é uma “total falta de senso” de realidade. Eu jamais conseguiria fazer tudo o que eu faço e estar com minha família dando a eles tempo de qualidade, se eu não tivesse senso de prioridade.

Me parece que o “professor” Takaki que ainda não teve tempo de “esquentar o banco da paróquia” não sabe que em ordem ao mandamento de amar o próximo, devemos procurar os mais próximos. Os sedevacantistas conhecem os problemas atuais na Igreja e por isso se aproximam mais da posição que eu defendo. 

Diz o Catecismo de São Pio X:

149. Que é a Igreja Católica?

A Igreja Católica é a sociedade ou reunião de todas as pessoas batizadas que, vivendo na terra, professam a mesma fé e a mesma lei de Cristo, participam dos mesmos Sacramentos, e obedecem aos legítimos Pastores, principalmente ao Romano Pontífice.”

Ora, então quando vejo católicos se debandando para uma posição que rejeita a legitimidade do Romano Pontífice é preciso ajudá-los a sair este erro. Principalmente quando o câncer ainda não virou metástase.

Outra prova da presunção do “professor” é a de que ignoro a crise atual. Eu escrevo sobre a crise na Igreja desde 2007! Porém em 2007, o “professor” nem “sentado no banco da paróquia” estava! Mas é claro que ele presume que domina bem o assunto, como faz todo recém convertido que se arvora em dizer que o Papa não é papa… Quanta presunção “professor”!

Quanto ao modernismo há muita gente já escrevendo e combatendo contra isso há décadas. No Brasil os sites que tratam do tema são muitos. É aliás um tema que não “sai de moda”. Porém, eu como não “ando na moda”, prefiro me ocupar de determinados assuntos que outros assuntos, que também julgo importantes, mas que não são tratados a contento, pelo menos no Brasil.

4.A Bula Cum apostolatus officio

Não vou aqui tratar dos pontos sobre a bula Cum ex apostolatus officio e tampouco sobre as questões envolvendo a validade da eleição papal. Isso deixo para os meus amigos totalistas, visto que sou guerardiano (evito o termo “sedeprivacionista” e tenho pouco a objetar sobre esses tópicos). Tampouco buscarei refutar algo, pois creio que temos material suficiente para, se não for para refutar diretamente os pontos, ao menos conjecturar as refutações sobre os pontos abordados.

Confesso que as palavras acima do “professor” Takaki me deixaram confuso. Num primeiro momento ele afirma que não vai “tratar dos pontos sobre a bula Cum ex apostolatus officio e tampouco sobre as questões envolvendo a validade da eleição papal” pois teria “pouco a objetar sobre esses tópicos”. Mas depois diz que não irá refutar algo, pois acredita que tem “material suficiente para, se não for para refutar diretamente os pontos, ao menos conjecturar as refutações sobre os pontos abordados.”

Estas últimas palavras me soaram estranhas, pois como eu mesmo mostrei no artigo, o próprio Bispo Sanborn corrobora com o que foi dito sobre a Bula. Ou será que o “professor” ficou com vergonha de mostrar aos seus “amigos totalistas” que concordamos em alguma coisa? 

5. Primeira cortina de fumaça

Como o “professor” Takaki não pode enfrentar os argumentos do meu artigo, acredito que ele procura acalmar os ânimos de seus colegas sedevacantistas (e talvez o seu próprio, Deus o sabe) com uma distração: me propor que eu refute o sedevacantismo sob seus termos… E como dissemos na introdução, essa sempre será a tática sedevacantista: envolver o seu adversário eu sua teia de confusão. É o que ele propõe no tópico “Segundo ponto: os princípios inegociáveis”.

Seria como se eu escrevesse um artigo sobre a Igreja, mostrando através da história e dos Pais que a Igreja Católica é a Igreja de Cristo; e alguém me dissesse: não, eu quero que você me prove pela bíblia! Ora, se o sujeito quer me refutar, que me refute segundo os princípios pelos quais eu baseei toda a minha argumentação, e não me propor outra coisa. Essa é só uma forma de conduzir o outro a um campo de batalha mais confortável. Contudo quero dar boas notícias ao “professor”: está no prelo meu livro “Habemus Papam” onde eu farei exatamente isso. Seu lançamento está previsto para o segundo semestre. Agora para o primeiro sairá o “Do Papa Herege – E se o pastor supremo se tornar um lobo.”[4].

6. Segunda cortina de fumaça

Chegamos ao quarto tópico (a contar da introdução) da “aula” do “professor” intitulado “O Artigo Do Alessandro Lima Tem Um Ponto De Partida Errôneo

O que segue é um comentário ao segundo parágrafo da introdução do meu artigo:

É patente de que o Alessandro Lima tem um ponto de partida que não passa de uma tergiversação. Pois ele deliberadamente já exclui o ponto comum entre todos os sedevacantistas de todas as posições: que os ensinamentos do Vaticano II representam sim uma real ruptura com os ensinamentos tradicionais e de que isso não poderiam de nenhum modo terem sido emanados de um verdadeiro romano pontífice. Logo de cara, o sr. Alessandro Lima busca uma fuga para se esquivar justamente do maior problema onde toda a doutrina dos maiores expoentes do sedevacantismo se sustenta.

Me parece que o “professor” não sabe a diferença entre citar um assunto a título de introdução para um outro e desviar-se do assunto mesmo… Por exemplo, para escrever sobre a definição do cânon bíblico na Igreja primitiva eu poderia iniciar dizendo que durante todo o período em que a Antiga Lei Mosaica esteve em vigor, os judeus tanto da Palestina quanto da Diáspora não possuíam uma regra fixa para a definição de um catálogo para as Escrituras Sagradas. Se alguém dissesse que pelo fato de eu não tratar especificamente deste assunto porque estou falando da formação do cânon durante o período cristão, eu estaria então “tergiversando”, essa pessoa tem algum problema para interpretar textos, no mínimo.

Então depois da acusação de que acabo de me defender, o “professor” entra num assunto que simplesmente não foi abordado no meu artigo… Mais uma cortina de fumaça…

7.Terceira cortina de fumaça

Chegamos ao tópico “Mais uma falsa acusação”. Depois de citar o último parágrafo da introdução do meu artigo, nosso opositor escreve:

E depois coloca duas citações de Santo Tomás de Aquino sobre o julgamento sem entender a nossa posição. Segundo o Alessandro Lima, assumimos uma posição de superioridade e que somos nós quem depusemos o papa. Isso é totalmente falso. 

Eu disse “Chico” e parece que o nosso opositor entendeu “Francisco”. O meu artigo foi escrito contra a posição dos sedevacantistas absolutos. Nosso opositor diz ser “guerardiano” ou seja, um sedeprivacionista. Então qual seria o problema com as referências que fiz a Santo Tomás no tópico “1. A Autoridade Pública da Igreja”? Ora, o tópico mostra que apenas a Hierarquia legitimamente constituída possui o múnus de definir e julgar. As críticas que faço ali não são diferentes às do bispo Sanborn aos mesmos sedevacantistas absolutos [3]. 

Com efeito, há uma diferença substancial entre dizer que a Sé apostólica está vaga (sedevacantistas) e dizer que está materialmente ocupada como nos casos dos cismáticos ortodoxos (sedeprivacionistas).

Logo é falsa a afirmação de falsidade do meu argumento. 

7.1 A falácia em referir-se aos fiéis de Constantinopla contra Nestório

Continua o “professor”:

A nossa posição é análoga aos fiéis de Constantinopla que se retiraram da comunhão de Nestório quando esses constataram estar diante de um herege.

Na sequência traz o interessante relato do caso por Santo Afonso M. de Ligório.

Este ponto eu abordo com detalhes no Cap. VII do meu “Do Papa Herege” [4] a ser publicado em breve. Embora não seja um dos tópicos abordados em meu artigo, o tema é demasiado interessante para que não se diga nada a respeito dele.

Exatamente como fez o nosso opositor, muitos fundamentam a sua rejeição ao Papa Francisco, referindo-se a este caso. Citam até o caso de Santo Hipácio.

Com efeito, diversos teólogos e doutores da Igreja ensinaram que os fiéis podem resistir aos prelados que agem de forma ilegítima. Citarei apenas o preferido dos “amigos totalistas” do nosso opositor, São Roberto Belarmino (grifos meus):

“[…] para resistir a um invasor e se defender, não se requer nenhuma autoridade. E não é necessário que aquele que é atacado seja um juiz, e superior àquele pelo qual é atacado. Mas para julgar e punir, requer-se autoridade. De modo que, assim como é lícito resistir a um pontífice que ataca o corpo [da Igreja], assim também é lícito resistir a um pontífice que ataca as almas ou perturba a república [no caso um príncipe], e muito mais se ele se esforçar por destruir a Igreja. É lícito resistir-lhe, digo, não fazendo o que ele ordena, e impedindo que a sua vontade seja executada, contudo não é lícito julgá-lo, puni-lo ou depô-lo, porque isso pertence somente a um superior.” (Do Romano Pontífice, livro II, cap. XXIX).

Entretanto, os “amigos totalistas” do nosso opositor (e talvez ele mesmo, não sei…) dizem que não se pode resistir a quem se reconhece como papa legítimo…

Voltemos ao caso de Nestório. No próprio texto referido de Santo Afonso, ele relata que São Cirilo de Alexandria tentou admoestar o Patriarca Nestório. Não o considerou decaído da sua Sé ipso facto. Depois das tentativas frustradas, diz Santo Afonso que São Cirilo buscou um parecer junto ao Papa São Celestino. Vemos aqui que o Santo não seguiu o “bonde de Constantinopla” que rejeitou seu Patriarca.

Na encíclica Lux Veritatis, o Beato Papa Pio XI discute a resposta de São Cirilo à heresia pregada publicamente por um dos seus colegas Patriarcas, Nestório de Constantinopla. Em certa altura ensina o Papa:

“Mas quando a obstinação endurecida de Nestório frustrou esta tentativa de caridade, Cirilo, que compreendia e mantinha vigorosamente a autoridade da Igreja Romana, não tomou ele próprio medidas adicionais, nem proferiu sentença num assunto tão grave, até que primeiro apelasse para a Sé Apostólica e tomou conhecimento da sua decisão.” (grifos meus). 

Este é o exemplo que os católicos devem seguir quando seus superiores ensinarem heresias publicamente: aguardar a decisão da Autoridade Pública da Igreja. Se a Igreja nada decidiu sobre um herege, ainda que seja papa, não se pode rejeitá-lo como se não tivesse ainda jurisdição na Igreja. Curiosamente, o Bispo Sanborn partidário do nosso opositor ensina o mesmo no lugar que já indicamos [3].

E é por conta de casos como este que o IV Concilio de Constantinopla definiu o seguinte:

“Como as escrituras divinas proclamam claramente: ‘Não encontre falhas antes de investigar, e entenda primeiro e depois encontre falhas.’ E será que a nossa lei julga uma pessoa sem primeiro ouvi-la e saber o que ela faz? Consequentemente, este santo e universal sínodo declara e estabelece, de forma justa e apropriada, que nenhum leigo, monge ou clérigo deve separar-se da comunhão com o seu próprio patriarca antes de uma cuidadosa investigação e julgamento no sínodo, mesmo que alegue ter conhecimento de algum crime perpetrado por seu patriarca, e ele não deve recusar incluir o nome de seu patriarca durante os mistérios ou ofícios divinos. (…) Se alguém for encontrado desafiando este santo sínodo, será excluído de todas as funções e status sacerdotais, se for bispo ou clérigo; se for monge ou leigo, ele deve ser excluído de toda comunhão e reuniões da igreja [ou seja, excomungado] até que seja convertido pelo arrependimento e reconciliado.” (Cânon 10).

Continua o “professor” Takaki:

Não adentrarei aqui neste espaço sobre a ruptura dos ensinamentos conciliares, mas dentro da nossa convicção, a nossa posição fica justificada.

Eu tenho convicção de que é justamente o contário: sua posição não se justifica de forma alguma. O Papa é Patriarca do Ocidente, caso o “professor” não saiba.

Que lição de um Concílio Ecumênico não? Estão anatemizados TODOS os sedevacantistas com as suas missas non una cum.

O restante do tópico não passa cortina de fumaça…

8. Fatos Dogmáticos e a aceitação dos fiéis do Papa

Chegamos ao tópico “O Fato Dogmático Da Legitimidade Do Papa E A Aceitação Universal” da “aula magna” do “professor” Takaki. Este talvez seja o tópico mais divertido.

Nosso “professor” não enfrentou o argumento exposto no meu artigo sobre a relação entre os fatos dogmáticos a aceitação dos fiéis configuraria que o eleito para o Papado é legítimo.

Trato sobre os fatos dogmáticos no item 2 e sobre o ensino católico de que aceitação dos fiéis prova que determinado eleito é legítimo abordo no item 3.2.

Para não negar os ensinamentos católicos que ali estão, aquele que me acusou de “tergiversar” faz exatamente isso: refere-se a uma tese sedevacantista sobre a infalibilidade da Igreja, tema que eu simplesmente não abordei no meu artigo.

Infelizmente para o “professor” Takaki, os ensinamentos que citei continuam válidos sem qualquer tipo de exceção. Desviar-se do assunto só provou a força dos meus argumentos e não o contrário.

Embora eu concorde em substância de que o Magistério Católico que tem como causa eficiente o Magistério de Cristo não pode conter erros, eu discordo que o Sujeito Magisterial seja um ventríloquo de Deus e que não tenha a capacidade de fazer mal uso da sua posição. A Igreja reunida em Concílio Ecumênico é também um Sujeito Magisterial. Tivemos casos de Concílios que ensinaram erros. Um caso famoso é o Cânon 38 do Concílio da Calcedônia [5]. Ou ainda o Concílio de Rimini citado por São Jerônimo e São Roberto Belarmino que promulgou a fé ariana para toda a Igreja… É verdade que tais erros não foram promulgados pelos papas, mas temos homens tão vigilantes hoje em dia?

Não é preciso recorrer a uma tese mirabolante para explicar que o Sujeito Magisterial “jurídico” (como diria o Bispo Sanborn) está ensinando erros porque a sua autoridade é apenas “material”. É muito mais crível e próxima da realidade a tese do Pe. Calderon: o Sujeito é autêntico, mas possui a mentalidade liberal e seu “magistério” possui erros porque não tem o Magistério de Cristo como causa eficiente. 

É risível que alguém que diz seguir o exemplo dos fiéis de Constantinopla queira que eu obedeça e reconheça documentos e ordens injustas.

Me parece que o “professor” ainda não aprendeu sobre os princípios da obediência católica. Trato do assunto no capítulo X do meu “Do Papa Herege”. Também parece desconhecer sobre os santos que resistiram catolicamente a ordens ilegítimas de seus superiores (incluindo papas), sem rejeitar a sua autoridade; assunto que abordo no capítulo XI da mesma obra.

Conclusão

Como se viu, pouco proveito pode-se tirar da “aula” do pretenso Sr. Takaki que ainda tem muito o que aprender e eu espero sinceramente que a sua trajetória na Igreja, não termine no erro do sedevacantismo. Com efeito, deixar o erro do ateísmo para cair em um outro não lhe traria proveito algum em seu caminho para o céu.

A posição sedevacantista embora pretenda partir de princípios católicos, desenvolve-se muito mal, chegando a conclusões que negam tantos outros princípios, deixando “a emenda pior que o soneto”.

Se temos dois princípios católicos que não podem ser escusados e uma determinada posição parece favorecer um e “tergiversar” do outro, não é uma posição católica, mas uma posição digna dos hereges (aliás é próprio da heresia afirmar um princípio verdadeiro e desprezar outros).

Dando continuidade ao raciocínio, se entre esses dois princípios católicos inegociáveis, um pode-se demonstrar facilmente sem esforço (ser evidente, cuja verdade é clara) e outro que cuja verdade depende de um processo sequencial de raciocínios lógicos, filosóficos e  teológicos; qual deles devemos adotar sem qualquer sombra de dúvida?

Espero que tenham respondido o primeiro, o evidente. E é exatamente para este tipo de princípio que eu tenho apontado em meus artigos sobre o sedevacantismo. Talvez o segundo tipo de princípio que necessite de um trabalho intelectual árduo, tenha uma explicação lógica para a sua ausência aparente ou de fato.

Então o que é mais evidente? Que todos os católicos aceitam o Papa Francisco como papa legítimo ou que os ensinamentos do Concílio Vaticano II e a Missa Nova sejam contra a Fé e assim comprometem a infalibilidade da Igreja?

Fiz isso especialmente no artigo que o Sr. Takaki pretendeu refutar e falhou magnanimamente.


NOTAS

[1] TAKAKI, Luciano. Refutando o Sedevacantismo. Disponível em https://sapientiaechristianae.org/2024/01/27/refutando-o-sedevacantismo/. Ultimo acesso em 31/01/2024.

[2] LIMA, Alessandro. Sedevacantismo, uma ideia absurda. Disponível em https://www.veritatis.com.br/sedevacantismo-uma-ideia-absurda/. Último acesso em 31/01/2024.

[3] Disponível em https://mostholytrinityseminary.org/wp-content/uploads/2019/01/Explanation-of-the-Thesis.pdf

[4] https://www.lojaveritatissplendor.com/livros/do-papa-herege-e-se-o-pastor-supremo-se-tornar-um-lobo-alessandro-lima-pre-venda

[5] https://www.veritatis.com.br/o-canon-28-de-calcedonia-e-a-historia-alternativa-2/

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