Qualquer católico, com um mínimo de formação, sabe o quanto é grande a ignorância de certos jornalistas em termos de matéria religiosa. Por certo, tais profissionais não são culpados, já que as diretrizes de hoje dão prioridade a temas bem mais materialistas (economia, política…), relegando praticamente a último plano a temática espiritual.
No entanto, há “raros momentos de prazer”. Sem dúvida, um destes momentos foi a crônica “O Papa e o Faustão”, de Carlos Heitor Cony, publicada na Folha de São Paulo, em 30 de agosto de 1997.
Apenas para situar o leitor dentro do contexto histórico, a brilhante crônica foi feita pouco tempo antes da vinda do Papa João Paulo II ao Brasil, onde se realizaria o “Encontro com as famílias”. Naquela época, não faltavam jornalistas “modernos” atacando as “posições conservadoras do Papa”, em relação a temas como aborto, casamento homossexual e outros.
Coube a Carlos Heitor Cony dizer que:
- Não eram posições apenas do Papa, mas de toda a Igreja:
- “Para liderar uma Igreja que atravessa 20 séculos de história e se considera depositária de uma verdade religiosa e moral, o papa não pensa por si nem pode agir de acordo com as verdades provisórias da sociedade. Quando é eleito, ele se obriga a defender uma verdade. Uma verdade que não pode ser colocada periodicamente em leilão para saber qual a mais mercadológica, a mais moderna, a que dá mais ibope. Se tudo der errado, ele deve voltar às catacumbas, como os primeiros papas, para continuar professando a fé pela qual está disposto a sacrificar a vida (os primeiros 50 papas foram assassinados pelos imperadores romanos).”
- As verdades de fé não são definidas por algúem, mesmo que este alguém seja uma maioria. Um fiel católico, ao aceitar um dogma, aceita não porque lhe agrada ou agrada a todos, mas porque se trata de uma verdade revelada, de origem divina. Logo:
- “Há uma diferença fundamental entre um papa e o Faustão, por exemplo. O papa não pode oferecer dois números de telefone para o ‘sim’ ou o ‘não’. Disque tal número se concorda, disque esse outro se discorda. O placar decidirá a questão”.
- Se a Igreja ganha ou perde seguidores, nem por isso a Sã Doutrina há de ser mudada:
- “Se a religião da qual é o líder e guardião está perdendo adeptos, o problema é dos adeptos, não dele. Se ficar falando sozinho, aí sim, o problema será dele. Mas a religião que professa começou exatamente assim: com uma voz clamando no deserto.”