As honras à Virgem Maria e nossa devoção por ela

Por Danilo Ribeiro

É comum para não-católicos, pensar que a honra por nós prestada à Santíssima Virgem Maria seja demasiadamente exagerada.

Alguns, olhando de forma desatenta para os episódios bíblicos onde a Virgem Maria aparece, chegam a pensar que é impossível que uma figura tão humilde como Maria, que mal aparece – em relação ao número de menções em todo o novo testamento – na Sagrada Escritura, pudesse se sentir a vontade com tantas honrarias.

Já ouvi dizerem que “Maria deve ficar muito triste no céu, por saber que a honram tanto na terra”, “ela deve ficar pensando ‘parem de me adorar e olhem somente para Jesus!'”.

Gostaria de pinçar alguns versículos do primeiro capítulo do Evangelho de São Lucas, para tentar esclarecer uma perspectiva contrária.

Lembremos antes que a Virgem Maria já foi profetizada no Antigo Testamento, quando Isaías diz que uma virgem conceberia e daria à luz um filho.

Iniciando então, veja bem quais palavras o anjo usou para dirigir-se a Santíssima Mãe do Salvador:

São Lucas 1,28

“Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.”

Há um debate interminável sobre o uso e tradução da palavra grega usada para saudar a Virgem, que aparece com a mesma estrutura somente neste versículo e nunca mais é usada em nenhuma parte da Bíblia, mas só para se dirigir a Maria Santíssima. A palavra é “κεχαριτομενε”, que nós católicos traduzimos como “gratia plena”, ou seja, “cheia de graça”.

Além de um anjo do céu dirigir-se a Mãe do Senhor com uma expressão inédita, que surpreende ela mesma, como pode-se ver no versículo 29, vemos que no mesmo capítulo, agora no verso 34, confirma-se mais uma característica que nós católicos atribuímos a Virgem Santa, que é a sua virgindade perpétua:

São Lucas 1,34

“Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?”

O texto acabara de relatar que ela estava “noiva” de São José, e mesmo assim, sem saber como ela poderia engravidar, ela questiona o anjo, uma vez que ela não conhecia homem algum.

Óbvio, que com o verbo “conhecer”, ela se refere ao fato de não conhecer em sua intimidade.

Se o anjo não soubesse de suas intenções em permanecer virgem mesmo após o casamento, ele poderia muito bem dizer “ora, mas você está noiva, então é óbvio que o menino nascerá quando coabitares com seu futuro esposo”.

A resposta de Maria revela sua intenção de viver o celibato, pois do contrário não teria questionado o anjo.

É interessante notar que ao menor questionamento, Zacarias é advertido e punido pelo anjo Gabriel, alguns versículos atrás, por tê-lo questionado.

No versículo 43, São Lucas relata que ao visitar Santa Isabel, Maria é surpreendida, mais uma vez, com uma saudação cheia de honrarias, da parte de Isabel, que diz:

São Lucas 1,43-44

“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?
Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.”

Veja que a voz de Maria fez estremecer de alegria a criança no ventre de Santa Isabel, e sabemos que a criança era São João Batista.

Prosseguindo no texto, a Virgem Maria, em meio a muitos louvores a Deus, diz uma coisa muito interessante:

São Lucas 1,48

“porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações”.

Maria sabia bem das honrarias que receberia de todas as gerações futuras, que chamar-lha-iam “bem aventurada”.

Santa Isabel mais atrás, já havia dito:

São Lucas 1,42

“E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.”

O mesmo adjetivo usado para Maria é usado para o fruto de seu ventre, e isso quem faz é Isabel, como se vê acima.

Para finalizar, lembre-se de que Jesus ensinou a seus discípulos que aquele que quisesse ser o primeiro no reino dos céus, deveria ser aqui o último e o primeiro a servir.

O livro de Apocalipse 20.4 diz que as almas que já estavam com Cristo no céu, reinavam com ele.

Portanto, se a Virgem Santíssima, já tinha promessas de muitas honrarias por todas as futuras gerações, se ela viveu como serva humilde durante toda a sua vida terrena, se na terra um anjo a honrou tremendamente, saudando-a com uma saudação exclusiva e foi Maria, a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus e homem, qual seria a dificuldade de compreender que Maria reinaria com Cristo no céu, com honrarias inimagináveis?

A Bíblia nos ensina que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram e nem jamais penetrou em coração humano aquilo que Deus preparou para aqueles que o amam.

Se temos nós esta promessa, imagine só àquela que amou a Jesus Cristo com amor maternal!

Se conseguimos imaginar quanto honraríamos nossos pais se tivéssemos condições para tal ato, quanto mais não faria Nosso Senhor Jesus Cristo, que melhor que ninguém cumpriu o mandamento de honrar sua mãe?!

Por quais motivos nos incomodaríamos com tantas Ave-Marias, se é promessa bíblica que todas as gerações a chamariam “bem aventurada”?

Se ao som de sua voz, São João Batista estremeceu de alegria no ventre de sua mãe, porque teríamos menos respeito com a Virgem?

Se as almas no céu reinam com Cristo, qual a dificuldade de aceitar que Maria seja Rainha do céu?

Espero que com este humilde texto, suas dificuldades com as devoções Marianas tenham diminuído ao menos um pouco.

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