Recebi uma carta de um rapaz que argumenta em prol de uma presença ainda maior do Estado no ensino. Seguem excertos dela (em negrito) e minha resposta (em texto normal):
O que seria da igualdade de oportunidade se o Estado não oferecesse escolas e universidades públicas?
Graças ao bom senhor Deus acabaria. Ao forçar uma suposta “igualdade de oportunidades” o que é na verdade feito é uma redução da qualidade do ensino ao mínimo denominador comum. Veja por exemplo a tristíssima situação do ensino superior brasileiro: como a imensa maioria da população obviamente não tem nm nunca terá condições intelectuais de aceder ao ensino superior, fez-se com que este deixasse de ser realmente superior. Temos hoje em dia faculdades de turismo(!), de secretariado(!), de formação de professorinhas primárias(!!!), equiparadas às de engenharia, direito, medicina, física, etc.
Ou seja: o ensino superior virou ensino médio, prejudicando tremendamente o verdadeiro ensino médio (as escolas técnicas foram praticamente obrigadas a fechar quando tornou-se obrigatório que além do ensino técnico tivessem tbm todas as matérias do vestibular; a Escola Normal, que formava professoras primárias competentíssimas, foi simplesmente erradicada) e o ensino superior. Pela ausência de um ensino médio decente, a maioria da população que não tem nenhuma veleidade intelectual passou a cursar faculdades, retardando sua entrada no mercado de trabalho e forçando as universidades a diminuir o nível de suas aulas.
Estes sonhos igualitaristas socialóides esquecem um coisa básica da natureza humana:não somos iguais, graças a Deus. Algumas pessoas têm talento para o estudo, outras não tem. Ao forçar o uso de currículos iguais em todas as escolas do país, visando preparar seus alunos para uma universidade (que, se merecesse este nome, estaria fora do alcance intelectual da imensíssima maioria dos estudantes), todas as particularidades locais foram abolidas, e o trabalho de padronização pelo mínimo denominador comum que as TVs levam a cabo tev uma ajuda imensa. Além disso, forçou-se uma diminuição tremenda na qualidade do ensino fundamental, médio e superior, que foram tbm padronizados pelo mínimo denominador comum.
A educação, que já é elitizada, estaria mais ainda, pois ocorre que o custo de um curso escolar e universitário pela iniciativa privada é algo caríssimo para a maioria de nossa sociedade.
O que seria excelente! Ao invés de termos universidades particulares precisando abaixar cada vez mais os níveis de qualificação exigidos para conseguirem competir com a injusta universidade pública, que paga seus professores (muito mal, aliás, baixndo o nível saarial de toda a categoria) com o dinheiro roubado dos contribuintes, teríamos universidadesofercendo ensino verdadeiro de qualidade para quem estivesse disposto a pagr por ele. Hoje são raras as boas universidades (o MEC está se encarregando de fechá-las e piorá-las com o provão), e mesmo quem está disposto a pagar bem por elas não consegue. Ao mesmo tempo, os bons alunos, que poderiam receber bolsas das universidades (como ocorre em qualquer país civilizado) não as têm, pois as universidades particulares não têm como competir com as públicas (quem consegue competir com um serviço pago com dinheiro fácil, oferecido gratuitamente?) e vivem em péssima situação financeira (como já disse, ainda não recebi nem meu 13o do ano passado nem meu salário de janeiro. Para meu nome não ir para o cadastro, acabo de pegar todo o dinheiro que o Banco do Brasil se dispõe a me emprestar antes que os cheques voadores aterrissem. Eu trabalho em uma universidade privada).
É preciso ter em mente que a universidade não é nem pode ser aberta às massas. A universidade, por definição, é o lugar de formação das elites intelectuais. Abri-la para as massas é desnturá-la e transformá-la em outra coisa, inferior. O ensino fundamental é pra as massas, e deve ser prestado pelas famílias. Quando elas não tiverem condições, pelos bairros. Quando ele não tiverem condições, pelos municípios. O ensino médio (sempre profissionalizante em qualquer modalidade: o técnico e o normal formando diretamente para inserção no mercado de trabalho e o clássico e o científico preparando a elite para uma formação especializada superior) deve atingir uma parcela bem menor que o fundamental (até 40% da sociedade, no máximo dos máximos. Mais que isso é desvirtuar o ensino médio e fazer dele a fábrica de diplomas para analfabetos que temos hoje). O ensino superior não deve atingir mais de 10% da população (na França, país de muito menores diferenças que o Brasil, para cada seis alunos do ensino fundamental e médio há um aluno de ensino superior).
Nada mais justo que o Estado oferecer educação gratuita, para evitar que o princípio da igualdade de oportunidade fosse ferido, e promover o acesso de todos ao mercado de trabalho e não somente daqueles que têm dinheiro.
É justamente para permitir o acesso de todos ao mercado de trablho que não devemos cair no conto socialista de um “princípio da igualdade”. A educação fundamental deve ser oferecid a todos, pela menor instância que puder cuidar disso. O ensino médio deve estar ao alcance de quem se interessar e tiver talento (através de bolsas ou pagando) e o superior deve ser durament conquistado pelo esforço (ou pagando ou obtendo uma bolsa por mérito). Assim haverá uma preocupação em manter um ensino fundamental de qualidade (pois o analfabetismo não vai ser empurrado com a barriga até a faculdade, como ocorre hoje) e o ensino médio poderá dedicar-se a formar os profissionais especializados que hoje as universidades(!!!), deixando de lado sua tarefa, têm que formar.
A atitude do MEC de promover os provões é uma decisão totalmente acertada, pois sabemos que se deixarmos os cursos sendo geridos por sua própria conta, acabaríamos sendo vítimas de severos erros cometidos por maus profissionais.
Assim os bons profissionais são as vítimas dos erros do MEC. É muito parecido com a história do álcool em garrafas. As universidades foram forçadas a contratar mestres e doutrores, quando que em muitíssimas carreiras o bom profissional, o que pode ensinar algo, é aquele que sai da graduação pra o mercado de trabalho. O que não tem competência mantém-se às custas de bolsas de estudo fazendo mestrados e doutorados, e agora conseguiu uma reserva de mercado.
O MEC, lá nos cafundós da Ilha da Fantasia do Planalto Central, não tem como saber o que faz uma universidade ser boa ou não. os alunos têm. Se ela não for boa, eles sairão dela e ela irá à falência. Vc já vui um cursinho de inglês que não consegue ensinar inglês e permaneça no mercado? Um pré-vestibular que não consiga aprovar seus alunos e não vá à falência ou, no mínimo, a uma severa reestruturação? Uma escola de música cujo professores sejam incompetentes e consiga alunos? Nem eu. Eu já vi, porém, e certamente vc tb, muitíssimas escolas (em sua maioria públicas) que dão diplomas de segundo grau a analfabetos. Enquanto seus incompetentes professores tiverem todo os papéis e carimbos que o MEC quer, ela continuam funcionando!!!
O governo central está demasiadamente longe da realidade das instituições de ensino. Compete sim aos professores, aos alunos e a seus pais fiscalizar estas instituições e garantir, pela concorrência e pelas demandas diretas (“demitam o professor Fulano, que não sabe ensinar!”), que o serviço prestado tenha qualidade. Com o Estado tentando cuidar de asunto que escapa à sua alçada, o que temos é o contrário: os livros são inspecionados, assim como os diplomas e carimbos dos professores. As aulas, porém, não o são nem poderiam ser.
Há uma série de universidades sem o menor gabarito para formar um profissional, que vive da exploração dono de escola/aluno.
Fenômeno decorrente da ingerência indevida do Estado através do MEC, que restringe o mercado de professores (agora são apenas os mestres e doutores – ora, se já não é fácil achar um professor bom, quando o campo de pesquisa é restrito a este ponto, fica quase impossível!!!) e, pelo igualitarismo imposto à foração superior, reduz a qualidade geral do ensino ao ponto de não sobressair como especialmente ruim uma universidade que só tem aulas nos finais de semana, mas dá o canudo que o MEC exige (e que o mercado acab por exigir, pois hoje em dia – mais uma vez devido à queda do nível do ensino causada pela ingerência estatal – um diploma de segundo grau não prova mais que seu portador saiba ler e escrever).
O mesmo em relação a saúde: apenas pessoas com um bom nível de renda têm condições de ter um plano de saúde, pois são muito caros, e se o Estado não intervem eles exploram muito mais. Por isso o Estado deve regulamentar estes planos de saúde para evitar exploração e, ao mesmo tempo, oferecer saúde gratuita para a população mais pobre, que representa a maioria sem dinheiro para bancar um plano de saúde.
O que ocorre, porém, com mais esta ingerência indevida (ainda que motivada em tese pelos nobres ideais descrito por vc) é que é gasta uma fortuna absurda em saúde teoricamente gratuita (que na verdde é paga pelo contribuinte – e o contribuinte é em geral exatamente a pessoa que precisa da saúde dita “gratuita” por não sobrar dinheiro após os impostos para pagar um médico caso fique doente) sem que a qualidade do serviço sequer se aproxime do desejável. Ao mesmo tempo, a inicitiva privada não tem como fazer caridade, por ser excorchada com mais tributação (destinada a pagar a súde “gratuita”) e os planos de saúde são forçados a aumentar seus preços.Quando aumentam seus preços, o Estado aumenta a tributação e engessa mais ainda as companhias, que são forçadas a diminuir a qualidade de seus cuidados para poder sobreviver. O problema, meu caro, é que não existe nada gratuito. A saúde “gratuita” não é gratuita: ela é financiada com dinheiro do contribuinte – inexoravelmente – mal administrada por ser gerida a partir de realidades díspares da realidade local. Esta epidemia de dengue é uma excelente prova disso. Só agora, após constatado o fracasso absoluto do Estado, começa a surgir uma campanha visando devolver às instâncias de direito este cuidado (as famílias devem evitar água limpa parad em suas casas e os município devem cuidar das áreas comuns e devolutas).
- Fonte: A Hora de São Jerônimo