Perguntas fundamentais sobre a Confissão

Autor: Anônimo

1. Onde vemos, na Bíblia, Jesus instituir a confissão dos pecados?

Após ressuscitar, quando obviamente o seu sacrifício por nossos pecados se consumou, Ele entregou aos Apóstolos o dom de perdoar os pecados em seu Nome.

João 20,19-23: “Ao entardecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam por medo dos judeus, Ele se apresentou no meio deles e disse: ‘A paz esteja convosco (…) Como o Pai me enviou, também Eu vos envio’. Tendo dito isto, soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, estes lhes serão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, estes lhes serão retidos'”.

É mais do que óbvio que para se saber quais são os pecados que devem ser imediatamente perdoados e quais devem ser retidos, para que venha operar uma conversão na pessoa, é absolutamente necessário confessá-los.

O Pai enviou Cristo primordialmente para salvar o mundo do pecado. Por isso, o próprio Jesus enviou os Apóstolos: para oferecer, através da confissão dos pecados, a libertação do pecado das pessoas.

2. Pode um ser humano perdoar os pecados?

Ainda que tenha muita fé, ninguém pode perdoar os pecados de ninguém, já que apenas Deus pode perdoar os pecados:

– Mateus 9,1-8: “Trouxeram-lhe um paralítico deitado numa maca. Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: ‘Ânimo, filho: teus pecados te são perdoados’ (…) Disse, pois, ao paralítico: ‘Para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados, pega a tua maca e volta pra casa’. Ao ver isto, o povo teve medo e glorificou a Deus por ter dado tanto poder aos homens” (v.tb. Marcos 2,5-10).

Portanto, é Deus quem outorga a faculdade de perdoar em seu Nome, tal como vemos em João 20,19-23, onde Cristo pessoalmente outorga a faculdade de perdoar os pecados em seu Nome, não em nome dos próprios Apóstolos. Da mesma forma, poderíamos dizer que um homem não pode caminhar sobre as águas, nem expulsar demônios, nem fazer milagres e, no entanto, Pedro caminhou sobre as águas porque Cristo lhe concedeu esta faculdade (cf. Mateus 14,25-29); os fiéis podem expulsar demônios porque Cristo concedeu-lhes esta faculdade (cf. Lucas 10,17; Atos 16,16-18); e fazer milagres é o que muitos protestantes se gloriam de fazer em nome de Cristo, não é verdade? Com efeito, o sacerdote não pode, por vontade própria, perdoar os pecados dos homens que se confessam a ele, mas como recebeu a faculdade de perdoá-los em Nome de Cristo, assim o faz. Isto fica muito claro na pena de São Paulo:

– 2Coríntios 5,18-20: “E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo através de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação. Nos encarregou da palavra da reconciliação. Somos, assim, embaixadores de Cristo, como se Deus exortasse através de nós. Vos suplicamos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus!”;

– 2Coríntios 2,10: “A quem perdoardes, eu também os perdoo; porque o que eu perdooei, se algo perdooei, foi por vós na presença de Cristo Jesus”.

Por isso, podem apenas perdoar os pecados em nome de Cristo aqueles que receberam tal poder de Cristo; este poder só foi concedido aos Apóstolos e estes só o concederam àqueles a quem confiaram.

3. Também nós podemos perdoar e reter os pecados dos homens? Também nós não somos, por acaso, discípulos de Cristo?

Não, não podemos reter os pecados das pessoas, já que o mandado de perdoar e reter os pecados foi conferido por Jesus aos seus discípulos, apenas e mais especificamente aos Apóstolos, já que eram os únicos que tinham motivo para estarem escondidos (cf. João 20,19) e, portanto, os únicos que receberam esta ordem e dom. E, como sabemos, os dons são passados somente pela imposição das mãos do Apóstolo para o Bispo, Diácono ou Presbítero. Com efeito, se você não é Presbítero, nem Bispo, não pode perdoar ninguém sacramentalmente.

Não se deve confundir a imposição das mãos para receber o Espírito Santo e seus dons ordinários, o que se faz em todos os fiéis cristãos batizados (cf. Atos 8,14-17), com a imposição das mãos feita ministerialmente para ordenar novos servidores da Igreja, como o são os Bispos, Diáconos e Presbíteros/Padres (cf. Atos 20,17-18; 1Timóteo 4,14), já que todos os fiéis receberam o Espírito Santo através da imposição das mãos, mas só os ordenados receberam o pastoreio e, portanto, a graça de poder realizar a remissão dos pecados em nome de Cristo.

4. O texto de João 20,19-23 não é, por acaso, um mandado para perdoar apenas os pecados cometidos contra os Apóstolos?

Definitivamente não, visto que Jesus estaria se contradizendo quando anteriormente aconselhou que devemos perdoar sempre o que as pessoas fazem contra nós (cf. Lucas 6,37): Jesus ensinou também aí que perdoar é um requisito para que possam ser perdoados, já que se você não perdoa também não poderá ser perdoado, se autocondenando (cf. mateus 18,35). Logo, Jesus não manda os Apóstolos reterem os pecados cometidos contra eles mesmos, mas os que são confessados pelas pessoas. Jesus não os mandaria se autocondenarem retendo pecados; seria pois incongruente com o seu ensinamento.

5. Onde vemos, na Bíblia, a Igreja da época dos Apóstolos praticar a confissão?

Há textos que assim o corroboram:

– O Apóstolo Tiago fala de confessar nossos pecados “uns com os outros” (Tiago 5,16);

– O Apóstolo João também nos manda confessar nossos pecados: “Se confessamos, Ele é justo e fiel, e nos perdoa os pecados” (1João 1,9).

Observemos também como nas primeiras comunidades a confissão era realizada de maneira pública, diante dos Apóstolos:

– Atos 19,18: “Muitos dos que tinham crido, vinham confessar tudo o que tinham feito. Muitos dos que tinham praticado magia, juntavam seus livros e os queimavam na presença de todos”.

6. Por que os irmãos separados, citando Jeremias 17,5, dizem que não devemos confessar os pecados aos homens?

Trata-se, na verdade, de mais um pretexto, já que Jeremias não diz absolutamente nada sobre a confissão dos pecados, mas de se confiar em homens que se afastam da vontade de Deus. Basta ler um pouco antes e um pouco depois do texto de Jeremias 17,5 para vermos que não se trata de não confiar nossos pecados, segredos e coisas do estilo aos homens. Também, se isolarmos o texto tal como eles nos apresentam (“maldito o homem que confia no homem”), teríamos que viver, por determinação bíblica, desconfiados de todos os seres humanos: não poderíamos confiar nos amigos e nem em nossos próprios pais; em absolutamente ninguém!

7. Não é mais fácil nos confessarmos diante de Deus, como fez o publicano em Lucas 18,9-14, do que diante dos homens?

Não! A parábola do publicano é narrada por Jesus para expor um ensinamento sobre arrependimento e não sobre confessar nossos pecados diretamente a Deus. Na verdade, não vemos o publicano confessando os seus pecados, mas sim fazendo um ato de contrição. O Apóstolo Tiago claramente nos manda confessarmos uns aos outros (cf. Tiago 5,16).

8. Mas se o Apóstolo Tiago nos manda confessarmos uns aos outros, por que é necessário um sacerdote?

Devido ao fato de que na verdade Tiago está nos apresentando o ministério desempenhado pelo Presbítero/Padre (cf. Tiago 5,14). Ademais, se investigarmos um pouco o contexto da Igreja dessa época, veremos que os primeiros cristãos (como Justino Mártir) narram que os fiéis, sempre de pé, confessavam os seus pecados diante do Presbítero e da assembleia; logo a seguir, o Presbítero erguia suas mãos e perdoava os pecados dos confessores, implorando o perdão de Deus. Isto ocorre sempre no início das nossas Missas. Posteriormente, em razão dos problemas que esta prática implicava, passou-se a fazer a confissão dos pecados de maneira secreta, só para o presbítero; porém, as duas formas são ainda hoje conservadas, isto é, diante de todos e também diante apenas do Presbítero.

  • Fonte: http://www.voxveritas.com.mx
  • Tradução: Carlos Martins Nabeto

 

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