Todo mundo aprende na escola que a Igreja Católica foi a grande inimiga da ciência. Mas vocês sabem quem não acredita mais nisso? Os historiadores de ciências profissionais.[…] Chega como um prêmio aprender que a Igreja Católica pode ter tido um papel positivo no desenvolvimento das ciências, não é mesmo? Porque todos nós somos ensinados desde o berço no exato contrário… Na escola, na mídia, nos filmes, os cientistas são os bravos mártires contra a Igreja ignorante que quer suprimir as descobertas deles.
Bem, você poderia ser desculpado por esta visão se tivesse vivido cem anos atrás, pois naquela época o livro dominante no assunto era escrito por um sujeito chamado Andrew Dickson White – eu o mencionei no primeiro [artigo] – que escreveu um livro chamado “A História da Guerra da Ciência contra a Teologia na Cristandade”. Este livro se tornou o trabalho definitivo no assunto, embora ele esteja cheio de absurdos!
Na verdade, no livro de White, você lê que a Igreja Católica ensinava que a Terra era plana! Mas vimos no [artigo] anterior que não há o menor pingo de evidência disso. Porém, White, ansioso por retratar a Igreja como tola, atrasada e ridícula, simplesmente repetiu o que outros historiadores haviam dito, sem se importar em investigar. Esta era a qualidade do seu livro. Desde então, o livro de White tem sido desmentido tão dramaticamente que vocês imaginariam que já deveríamos estar ouvindo algo como: “Ei! A Igreja Católica, afinal das contas, teve um papel importante nas ciências!”; mas, ao invés disto, só ouvimos os grilos… Não há ansiedade para obter a verdade nessa questão. Eu pergunto: por quê?
Há muitos historiadores modernos que, à diferença do professor White, estão vivos e trabalhando agora mesmo! E eles estão concluindo que, na verdade, a Igreja teve pelo menos algum tipo de papel positivo e alguns acadêmicos chegam até a dizer que a Igreja tinha certas ideias que foram indispensáveis ao desenvolvimento das ciências. Isto é o oposto do que ouvimos, não é? Mas temos acadêmicos dizendo isso o tempo todo: Thomas Goldstein, Toby Huff, A. C. Crombie, Edward Grant, David Lindberg, prof. Heilbron de Berkeley e muitos outros.
Então, o que dizem eles? E como ousam dizer isso?!! “Será que eles não sabem que a Igreja não passa de uma opressora dos gênios do mundo?” Vamos então ver algumas das afirmações que esses novos historiadores estão fazendo e, aliás, nem todos eles são católicos; alguns são católicos, outros não. Eu fiz questão de consultar historiadores da ciência que não são católicos – alguns são até anticatólicos – para mostrar que isso é de verdade, que isso não é um bando de católicos escrevendo livros para dar uma boa aparência à Igreja. Isso é o consenso entre os profissionais hoje.
Um dos princípios mais importantes que a Igreja Católica legou ao desenvolvimento das ciências vem de um versículo bíblico! Um versículo bíblico que foi um dos mais citados durante toda a Idade Média. Esse versículo é Sabedoria 11,21. Esse versículo nos diz que Deus dispôs tudo com medida, quantidade e peso. Tudo bem, então isso não parece ser tão explosivo assim, mas juro que é! “Deus dispôs tudo com medida, quantidade e peso”. Como as pessoas interpretaram isso?
Elas interpretaram que o Universo criado por Deus é ordenado, faz sentido, é compreensível para a nossa mente, é matemático, é ordenado de acordo com padrões: medida, quantidade e peso. Há um aspecto matemático no universo! Santo Agostinho, por exemplo, disse: “Deus é como um grande geômetra. Ele é um grande praticante de geometria”. Então, para qualquer [leitor] aí que odeia geometria, odeia matemática: Santo Agostinho está implicitamente reprovando você, pois de fato a matemática é uma linguagem que Deus usa para ordenar e moldar este universo que Ele nos deu.
Assim, a Tradição cristã, através desse versículo do livro da Sabedoria, que foi citado durante toda a Idade Média, amplia dramaticamente uma tradição existente no Ocidente, que data do século VI a.C., do grande matemático e filósofo pré-socrático Pitágoras. No século VI a.C., Pitágoras disse: “Sabe do que é feito o universo? Não é feito de ar, água ou terra” – como alguns de seus contemporâneos diziam – “mas de números! Este é o constituinte fundamental do nosso universo! Não são coisas físicas, mas números, matemática. A matemática está em toda parte”. E essa Tradição cristã, elaborada sobre Sabedoria 11,21, tirou da penumbra a ideia de Pitágoras e realmente desenvolveu toda uma civilização em torno dela. Isso é muito importante!
De fato, mesmo velhos cientistas que não tenham refletido sobre a questão viveram em uma civilização onde o ordenamento do mundo era dado como certo. Então, por exemplo, vamos considerar o cavalheiro que nos desenhou a primeira tabela periódica dos elementos químicos, Dmitri Mendeleev: ele acreditava tanto que o universo era ordenado que, quando começou a dispor os elementos, na tabela periódica dos elementos, em que consta todas as partes constituintes do nosso mundo listadas em linhas, e uma série de linhas formando colunas, descobriu que os elementos estavam próximos na tabela, possuíam características semelhantes… Então ele chegou ao elemento nº 21 e havia uma lacuna ali! Ele não conseguiu encontrar um elemento que ocupasse aquele espaço, mas ele disse: “As relações continuam funcionando se eu pular o nº 21 e seguir adiante”. Ele estava tão convencido de que algo deveria entrar ali, tão convencido de que Deus não poderia nos ter dado um universo desordenado, que ele não podia acreditar que vivia em um universo onde havia uma grande lacuna na tabela periódica. Tinha que haver alguma coisa que coubesse ali; então ele previu: “Algum dia descobriremos o elemento que se encaixa ali”. Puxa! Que audácia ele teve ao dizer: “É óbvio que acharemos algo para preencher a lacuna na minha tabela!” E depois o que encontraram? Dez anos depois, o elemento “escândio” foi descoberto. Onde ele entra? Exatamente no número atômico 21!
Então essa é uma característica central na nossa civilização. E, na verdade, o método científico não pode ser seguido a menos que vocês acreditem que o universo é ordenado, pois o que vocês fazem no método científico? Do que se trata? O método científico consiste em juntar dados sobre o mundo ao seu redor e depois estudar esses dados, buscando padrões, tentando entendê-los, e depois desenvolver hipóteses sobre os dados – por que acredito que assim e assado está ocorrendo? – e, depois, projetar experimentos para confirmar ou impugnar várias das minhas hipóteses. Vocês não podem seguir esses passos se não acreditam que o universo é ordenado, pois precisamos ter certezar, ter confiança de que se fizermos o mesmo experimento múltiplas vezes, sob as mesmas condições, iremos obter sempre os mesmos resultados. Se vivêssemos em um universo desordenado, não teríamos o direito de esperar por isso. Talvez se soltarmos algo seis vezes, irá apenas cair no chão; mas talvez na sétima vez ele vá para o beleléu! Como saberemos? Se não vivemos em um universo ordenado, não podemos esperar aquilo e se não vivemos em um universo ordenado, não podemos sequer começar a fazer ciência; não podemos nem começar a encontrar padrões no universo se não esperamos que eles existam. Isso é essencial para a ciência!
E, de fato, Albert Einstein até disse: “É um milagre que o universo seja ordenado! Nós não temos direito algum de presumir o contrário” Mas, realmente, muitas civilizações não presumiram isso; elas não o presumiram. Por exemplo, a antiga Babilônia: os babilônios não consideravam o universo ordenado, mas completamente caótico. A ciência poderia ter começado entre os antigos babilônios? A pergunta já se responde por si só, não?
Então esses são os pontos essenciais: que o universo é ordenado e matemático. Porém, isso não significa que o universo é tão ordenado que Deus não pode fazer milagres que vão violar de algum modo a ordem universal. É claro que, como católicos, acreditamos em milagres, que Deus pode fazer milagres. É claro que acreditamos! Mas entendam o que isso significa: vocês só podem reconhecer um milagre se ele ocorrer sobre um fundo de ordem! Se vivêssemos em um universo completamente caótico, como poderíamos reconhecer um milagre? Tudo seria milagre! Tudo seria louco e caótico, não seguiria lei alguma. Então nós reconhecemos os milagres de Deus porque Ele os faz a partir de um universo de ordem.
Santo Anselmo, muito utilmente, esclareceu esse ponto. Ele disse que Deus tem o seu “poder absoluto” – ou “potentia absoluta” para vocês, latinistas – e o seu “poder ordenado” – ou “potentia ordinata” -, ou seja, é claro que Deus tem o poder bruto de levar aquele objeto para o beleléu, mas Ele também tem o seu poder ordenado, pelo qual Ele se comporta de acordo com as leis que construiu no universo. Não seria próprio da dignidade do nosso Deus comportar-se de um modo tão arbitrário; Ele [coerentemente] não pode fazer isso; Ele [coerentemente] tem que se comportar de um mesmo modo, ser consistente com as suas promessas feitas a nós. E, com efeito, o funcionamento do universo é uma dessas promessas. Assim, esperamos encontrar ordem no universo e é por ordem que os cientistas vão procurar.
Mas, como eu disse, nem todas as civilizações foram capazes de fazer isso, de ter esse “insight”. Nós temos esse “insight” como certo: o universo faz sentido; nós podemos encontrar relações matemáticas nele. Mas nem toda civilização teve esse “insight”. E uma dessas civilizações que não teve [esse “insight”] foi a civilização islâmica.
Vejam! Há muito o que podemos dizer sobre a contribuição islâmica à civilização e até às ciências. Por esemplo, em algumas das chamadas ciências aplicadas, como medicina e ótica, o Islão deu grandes contribuições para essas áreas. Porém, nas ciências mais teóricas, a ciência islâmica nasceu – nos dizeres do Pe. Stanley Jaki – natimorta. Parecia que ela estava indo para algum lugar e, de repente, BOOOM!!! Acabou! E, hoje, é claro, a civilização islâmica é muito atrasada cientificamente. Mas por que isso? Por que é que a civilização islâmica sofreu tal devastação em termos de ciências? Por uma razão que envolve essa questão da habilidade de ver o universo como sendo ordenado. A civilização islâmica não pôde fazer isso, pois se vocês fossem dizer que o universo é ordenado de acordo com certas leis que precisam que ser observadas, isso seria um insulto a Allah, que pode se comportar de maneira tão arbitrária quanto queira. O que lhes parece uma lei pode apenas ser um de Seus hábitos, que Ele pode descontinuar a qualquer tempo. […]
Se vocês recordarem do meu primeiro [artigo] lembrarão que mencionei que o emprego mais deprimente do mundo seria o de professor de estudos medievais tentando dizer às pessoas que a Idade Média não foi tão ruim. Bom, acho que um bom concorrente ao emprego mais deprimente seria o de historiador das ciências tentando argumentar que, na verdade, a Igreja teve, e muito, uma influência positiva nas ciências. Nem os seus colegas cientistas irão acreditar! Muito menos o público em geral…
Mas, novamente, vocês têm um monte de evidências para juntar e livros e mais livros estão sendo escritos hoje; mas, mesmo assim, vocês não conseguem atingir o público em geral. Uma das razões porque escrevi um livro chamado “Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental” foi que eu temia que todos esses estudos maravilhosos que os professores estão fazendo, que acabam defendendo a Igreja, não estivessem chegando ao público em geral. As pessoas ainda aprendem o absurdo de que a Igreja se opõe à ciência. Então temos que ir e estudar esse negócio, para que possamos nos defender melhor.
Mas deixem-me falar-lhes uma coisa: hoje, se vocês estivessem fazendo um curso de História da Ciência – e algumas universidades o têm como disciplina autônoma – se vocês estivessem em um curso desses e dissessem: “A religião e a ciência têm sido inimigas ao longo dos tempos”, vocês seriam considerados como se tivessem escrito um trabalho da 4ª Série Primária e ninguém levaria isso a sério.
Voltemos então à discussão que estávamos tratando, quando eu dizia que o “insight” central que permite uma penetração na ciência, no Ocidente, é a visão católica de Deus como sendo ordenado; uma visão que é derivada principalmente, mas não exclusivamente, daquele versículo de Sabedoria 11,21, de que Deus dispôs tudo com medida, quantidade e peso. E vimos que Santo Agostinho interpretou que Deus era um grande geômetra. Outros pensadores cristãos também desenvolveram sobre isso. Na Escola Catedrática de Chartres, por exemplo, na França, houve muitas elaborações sobre esse crítico versículo de Sabedoria.
Mas, para começar, vejam bem: o que é “Escola Catedrática”? Carlos Magno, que foi o Imperador do Ocidente entre 768 e 814, estabeleceu que as várias catedrais deveriam ter escolas anexadas a elas. E essas escolas catedráticas, em alguns casos, evoluíram para as nossas primeiras universidades. Mas iremos discutir isso em um [artigo] futuro…
Pois bem. Na Escola Catedrática de Chartres, aqueles estudiosos se detiveram em Sabedoria 11,21 e interpretaram que, se quisermos entender o universo, devemos entendê-lo “quantitativamente”. É uma maneira disfarçada de dizer que, se quisermos entender o universo, devemos entendê-lo através da matemática. Essa é uma ideia extraordinariamente moderna! A Escola Catedrática de Chartres estava realmente em seu auge, talvez no século XII, e aí teve essa fantástica ideia moderna: que, ao menos em algum nível, o universo pode e deve ser entendido matematicamente; se quisermos entender seu funcionamento e prever como se comportará no futuro, temos de entendê-lo através da matemática. E eles interpretaram Sabedoria 11,21 como significando isso: que o universo é matemático e nós o entendemos dessa forma.
Como a Escola Catedrática de Chartres difundiu essa ideia amplamente, de que o universo é matemático e deve ser entendido através da matemática, ela foi ganhando cada vez mais crédito de ter ajudado a lançar a revolução científica séculos antes desta última ter-se iniciado no século XVII.
Além disso, os acadêmicos de Chartres davam como certo que Deus era ordenado e que havia inscrito leis naturais no mundo, e que se quisermos entender como o mundo funciona, devemos primeiro usar a nossa razão natural. E só quando a nossa razão natural entra em colapso é que dizemos que estamos diante de um milagre, de algo sobrenatural; e então referimos isso a Deus.
Mas os acadêmicos de Chartres estavam convencidos de que Deus nos deu a nossa razão por uma… razão! Não somos vacas, nem tamanduás, nem formigas… Temos a habilidade de pensar e de construir conclusões e relações de causa e efeito. Por que Deus nos deu a razão se não foi para usá-la? E nos tornamos verdadeiros seres humanos somente quando usamos o dom distinto que só os seres humanos possuem: a razão.
Assim, por exemplo, um acadêmico de Chartres disse: “É através da razão que somos homens, pois se virássemos nossas costas à fantástica beleza racional do universo em que vivemos, deveríamos merecer ser retirados dele, como um hóspede desdenhoso da casa em que foi acolhido”.
Outro acadêmico de Chartres disse: “Eu nada tiro de Deus. Ele é o Autor de todas as coisas, exceto do mal. Mas a natureza com que Ele dotou Suas criaturas (=a razão) executa todo um esquema de operações e estas também se voltam à Sua glória, uma vez que foi Ele quem criou esta mesma natureza”. Em outras palavras: Deus nos criou com uma natureza racional, então Lhe damos glória quando apelamos àquela natureza racional.
Mas isso é bem o contrário do que as pessoas ouvem falar da Igreja Católica, não é? Acho que a maioria das pessoas está sob a crença de que a Igreja ensina que não se deve usar a razão humana, de que a razão humana é de algum modo enganosa ou algo a ser desprezado, inclusive. Mas, ao contrário, aqui temos uma das escolas mais bem sucedidas e importantes de toda a Idade Média, nos dizendo que devemos usar a nossa razão se quisermos entender o modo como o universo funciona.
Mas, daqui, retorno ao ponto em que Chartres enfatiza a natureza matemática do universo e, ao fazê-lo, deu à luz uma ideia central moderna: a de que se vocês quiserem entender as relações físicas e como o universo físico funciona, vocês têm que explicá-lo matematicamente. Vocês só dominam o universo quando desvendam os seus mistérios através da linguagem matemática. E é por isso que Isaac Newton era tão impressionante para as pessoas do século XVIII, quando com uma única equação matemática ele pôde dar conta de todo o movimento no universo. Aquela foi uma explicação extraordinariamente elegante de um problema aparentemente complicado. Todos os diferentes tipos de movimento puderam ser reduzidos a uma equação. E, assim, no sentido em que estamos falando, ele entendeu o universo! Porque ele pôde pegar fenômenos díspares, vários tipos de movimento e dar conta deles com uma equação matemática simples e elegante. Então ele está simplesmente fazendo frutificar a missão que a Escola Catedrática de Chartres deu aos acadêmicos e cientistas do Ocidente.
Agora, um outro problema que foi resolvido em grande parte pela Escola Catedrática de Chartres vem lá do mundo antigo, da antiguidade grega e romana, pois em um tempo tão recuado assim, as pessoas acreditavam que os corpos celestes que vocês veem lá fora eram, realmente, de algum modo, “divinos”. Eles deveriam ter algum tipo de atributos divinos ou, talvez, terem almas de algum modo; ou eles seriam compostos de matéria imperecível que operava de acordo com leis diferentes daquelas do nosso mundo terrestre.
Isso era dado como certo por muitas razões, por exemplo: no mundo antigo era dado como certo que um corpo em repouso tende a permanecer em repouso, mas um corpo em movimento só pode estar em movimento se algo o estiver forçando ao movimento. Então, em outras palavras, o mundo antigo admitiu como certo que o estado natural das coisas é estar em repouso. O movimento precisa ser explicado. Mas aí eles olham para o céu e veem os planetas se movendo, mas não há nenhuma grande mão os empurrando! Então, o que os faz se mover? Eles deveriam estar em repouso! O que os faz se mover? Então, eles tiveram de postular todo tipo de teorias: talvez eles tenham almas e as almas lhes dão movimento; ou são divinos e isso explica seu movimento; ou, mais tarde, propôs-se que anjos podiam estar os empurrando…
Havia todo tipo de teorias para explicar isso, mas era pressuposto certo que deveriam haver leis diferentes governando o movimento no espaço exterior e governando o movimento na Terra. Pois o que acontece? Por que eles ficam se movendo? “Eu não consigo adivinhar! Essas coisas devem ser fundamentalmente diferentes das coisas da nossa Terra”. Isaac Newton mais tarde mostrou que, na verdade, as mesmas leis de movimento estavam em ação no céu e na Terra. Isso foi uma ruptura! Mas não foi algo que simplesmente veio de uma impressão.
Quem realmente começou a pensar nisso pela primeira vez? Foi Terry de Chartres, outro acadêmico da Escola Catedrática de Chartres, no século XII. O que Terry disse? Ele disse que na realidade, o que se tem no universo e no espaço exterior são coisas que são compostas do mesmo tipo de matéria que nós temos aqui na Terra. Porém, ele não pôde explicar por que elas orbitavam ou por que elas pareciam se mover sozinhas. Ele não havia antecipado as leis de movimento de Newton. Mas, por dizer que as coisas lá de cima não são fundamentalmente diferentes das coisas daqui de baixo, ele pavimentou o caminho para uma conclusão central da ciência moderna.
Thomas Goldstein é um historiador recente da história da ciência. O que ele tem a dizer sobre a Escola Catedrática de Chartres? Ele diz: “Em um período de 15 a 20 anos, em meados do século XII, um punhado de homens estava conscientemente empenhando-se para lançar a evolução da ciência ocidental e empreendeu todo passo significativo que era necessário para alcançar aquele fim”.
Goldstein até chegou a dizer que, algum dia, Terry de Chartres será visto como um dos grandes fundadores da ciência moderna. Vocês conseguem acreditar nisso? Este é um historiador escrevendo já na nossa geração! E não só ele dá crédito à Igreja por ela ter dado um importante ímpeto ao desenvolvimento da ciência, como ainda volta até o século XII para identificar alguém de quem ninguém nunca ouvira falar, para dizer: “Ele pode ser um dos maiores arquitetos da ciência moderna”!
Isso está se tornando absolutamente comum entre os historiadores da ciência. Sim, Richard Dawkins está escrevendo seus livros; Daniel Dennet continua escrevendo seus livros, assim como outros cientistas ateus… Mas são historiadores das ciências que consistentemente ficam cada vez mais favoráveis à Igreja.
Agora, o segredo, a questão é: como eu posso levar essas informações ao público em geral? E, como eu digo: essas informações não vão se espalhar a menos que os católicos comecem a espalhá-las eles mesmos. Mas essa é apenas a ponta do iceberg, porque o que discutimos aqui [neste artigo] é muito teórico: a ideia de que o universo é ordenado, construído por leis físicas fixas e assim por diante. Tudo isso é muito teórico! Mas, no próximo [artigo] vamos descer aos detalhes, já que da próxima vez iremos ver quantos padres foram “pioneiros científicos”. Não é suficiente dizer: “Vejam! Todos estes cientistas por acaso são católicos!” Ora, poderia ser apenas uma coincidência eles serem católicos. Mas quando vocês estão falando de padres que ocuparam um papel tão elevado na vida da Igreja, recebendo as ordens sagradas e tendo aquela vocação sagrada, e eles serem grandes praticantes das ciências, sendo parabenizados pelos Papas por fazerem isso, então com certeza a Igreja Católica não pode ser inimiga da Ciência.
Então vamos ver esses grandes heróis cientistas da Igreja Católica no próximo [artigo].
VOCÊ SABIA?
- Que estudiosos islâmicos ortodoxos rejeitaram totalmente qualquer concepção de universo que envolvesse leis físicas constantes pois, para eles, a autonomia absoluta de Allah não poderia ser restrita por leis naturais? (Stanley L. Jaki, “The Saviour of Science” [O Salvador da Ciência]).
- Que o bem-aventurado Nicolaus Steno iniciou um estudo detalhado sobre os dentes de tubarão após dissecar a cabeça de um tubarão de 1,27 tonelada capturado por um barco de pesca francês em 1666?
Fonte: EWTN/YoutTube
Tradução: Kandungus
Fonte: EWTN/YoutTube. Traduzido para o Veritatis Splendor por Kandungus.